(Dante)
O Cassino Morelli era um organismo vivo naquela noite. Luzes pulsando em tons vermelhos e dourados dançavam sobre os espelhos, refletindo a ganância estampada no rosto de cada jogador. O tilintar constante das moedas, o giro incessante das roletas, os suspiros contidos e os gritos de vitória se misturavam em um cântico de perdição.
Estava no andar superior, na sala de vigilância, de onde podia observar tudo. A parede de vidro reforçado me dava uma visão completa do império que construí com sangue, silêncio e disciplina. Era meu reino. E naquela noite, como em todas as outras, eu o dominava.
Enzo estava encostado perto da janela, mascando chiclete como se o mundo não estivesse prestes a explodir sob nossos pés.
— As garotas de sexta cancelaram — ele disse, os olhos grudados na tela do celular. — A polícia fechou o clube onde estavam. Vamos precisar de novas.
Continuei observando o salão, focando em um homem de terno escuro que apostava alto demais para quem devia tanto. Me