Ponto de vista de Salvattore Bianchi
O cheiro de fumaça ainda impregnava as paredes da Villa mesmo após horas da explosão. As cinzas da cozinha continuavam espalhadas como testemunhas silenciosas da tragédia, e o silêncio sepulcral dominava o ar — um contraste brutal com a efervescência dos últimos dias. Salvattore andava de um lado ao outro, o maxilar travado, o coração comprimido no peito. O som ritmado de seus passos ecoava pelos corredores, tentando afogar a dor que rasgava por dentro.
Dona Giulia, sua mãe, estava deitada na cama do quarto principal. Os médicos já haviam feito tudo o que podiam. A fumaça havia tomado seus pulmões como um veneno sorrateiro, e o tempo agora era uma ampulheta cruel prestes a esvaziar. Matteo, ajoelhado ao lado da cama, segurava sua mão com uma reverência que arrancaria lágrimas de qualquer homem com sangue nas veias. Chiara estava sentada no chão, o rosto enterrado nas pernas, as mãos tremendo. Salvattore, parado na porta, encarava a cena sem consegu