Ponto de vista de Matteo Bianchi.
A chuva fina caía sobre a Villa como se o céu tivesse decidido vestir luto com a mesma solenidade que todos ali. A capela no jardim principal estava tomada por flores — tulipas brancas e azuis, como ela gostava —, mas o perfume delas não eram páreo para o gosto amargo que Matteo sentia na boca. Dona Giulia Bianchi estava deitada em um caixão de madeira escura, vestida com um traje perolado simples, digno de sua elegância. O rosário entre as mãos dela tremia com o vento que atravessava o salão como um sussurro antigo.
Matteo estava em pé, imóvel, como uma estátua. O olhar rígido, a mandíbula travada. Não chorava. Não naquele momento. Ele precisava observar. Precisava farejar a podridão.
O olhar passeava por cada rosto. Soldados, aliados, conselheiros. Muitos de luto, alguns verdadeiramente destruídos. Outros... demais contidos. Matteo sabia que a dor podia se manifestar de formas diferentes, mas seu instinto de Don gritava: ali havia fingimento. Um tr