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Capítulo 4 – Queimando em Silêncio

A festa ainda pulsava lá dentro com música, risos e muita bebida, mas para mim, tudo parecia abafado — como se eu estivesse debaixo d’água.

Caminhei até o jardim lateral da casa, os saltos afundando levemente na grama molhada pelo orvalho da noite toscana. Precisava de ar. De silêncio. De distância. A dança com Aron tinha despertado algo que eu não estava preparada para sentir. Nostalgia, carinho... e a inevitável comparação com Salvattore, que estava cravado dentro de mim como uma promessa não dita.

Mas não precisei procurá-lo. Ele me encontrou primeiro.

— Rafaella.

A voz dele soou baixa e firme, quase áspera. Virei devagar, já sabendo o que encontraria. Salvattore Bianchi. Ombros tensos, olhar em brasa, como se estivesse lutando contra o próprio corpo para não explodir.

— O que foi? — perguntei, tentando soar casual, mas meu coração já denunciava minha inquietação.

— Você se divertiu com ele? — Ele não sorriu. Não havia ironia. Apenas dor contida.

— Aron é meu amigo de infância, Salvattore. Estudamos juntos por um tempo no Brasil. Eu nem sabia que era ele até a metade da dança.

— Você sabia que ele era da máfia russa. Isso devia ser o bastante pra manter distância.

— Eu não reconheci! Ele era só um garoto antes. Agora...

— Agora é um homem — ele completou, a voz mais baixa. — E você ficou rindo, dançando, se deixando levar como se ele fosse o único homem ali.

— E você queria o quê? Que eu saísse correndo? Que eu ignorasse alguém que fez parte da minha vida?

— Eu queria que você entendesse o risco que ele representa! — ele estourou. — Não é só um menino bonito com lembranças da praia. É Lensky. É sangue frio. E está de olho em você como um predador.

— Ele não é um predador — rebati, erguendo o queixo. — Pelo menos não comigo.

Salvattore se aproximou em dois passos rápidos. Estava tão perto que podia sentir o calor do corpo dele contra o meu. Sua respiração descompassada, o perfume amadeirado misturado com tabaco. O olhar dele me perfurava.

— Eu passei os últimos meses me segurando, Rafaella — sua voz era quase um sussurro. — Porque você é irmã do meu consigliere. Porque você é jovem. Porque esse mundo já te tirou tanto... que eu queria, pelo menos, te proteger disso. Mas agora... — ele passou a mão pelos cabelos, frustrado — agora eu vejo que outro pode chegar e roubar o que nem tive coragem de tocar.

— Você acha que eu sou de alguém? — minha voz também saiu baixa, presa na garganta. — Que alguém pode me roubar como se eu fosse um objeto?

Ele se calou. Mas o que veio depois foi ainda mais avassalador.

— Eu nunca quis tocar em você como quem toma o que não lhe pertence. Eu só queria... merecer. E não sei se mereço.

Seu olhar mergulhou no meu. Denso. Cheio de desejo, culpa, paixão e medo.

Meu coração batia tão alto que mal ouvia o som da festa distante. As luzes douradas do jardim envolviam nossos corpos como num palco silencioso. O mundo parou.

— Salvattore... — sussurrei, sem saber o que queria dizer.

Mas ele entendeu.

Seu rosto se aproximou do meu com uma lentidão torturante. Uma pausa curta, como se me desse tempo para recuar. Não recuei.

E então ele me beijou.

Não foi um beijo tímido. Foi o beijo de alguém que segurou o desejo por tempo demais. Suas mãos tocaram meu rosto com uma firmeza cuidadosa, e seus lábios tomaram os meus como se fossem a única coisa certa naquele mundo errado. Um beijo profundo, quente, desesperado.

Meus dedos se enroscaram na gola do seu paletó, puxando-o para mais perto. Não havia mais dúvida, nem controle. Só nós dois, no meio da noite toscana, cercados por segredos e perigo, nos permitindo um momento de verdade.

Quando ele se afastou, os olhos ainda presos aos meus, sua voz saiu rouca:

— Me diz que ele nunca te beijou.

— Nunca — respondi, sem hesitar. — E agora... ninguém mais vai conseguir.

Ele fechou os olhos por um segundo, como se aquela frase fosse uma benção e uma sentença ao mesmo tempo. Um pacto silencioso.

Mas sabíamos que a noite não acabaria ali. Nem os problemas.

Agora que a chama tinha sido acesa, nada mais poderia ser como antes.

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