POV Rafaella Ferraro
A voz da nonna Benedicta sempre me trazia uma sensação de lar, mesmo a centenas de quilômetros da casa onde fui criada. No entanto, naquela manhã, o tom cansado e melancólico dela me quebrou por dentro.
— O teu avô... não está mais reconhecendo nem meu rosto, figlia mia — disse ela com um suspiro carregado. — Ontem me chamou de "mamma", depois me mandou sair da sala porque queria "esperar a esposa dele".
Fechei os olhos com força, tentando engolir a dor que crescia na garganta. Meu avô Enrico, sempre tão forte, orgulhoso, comandante da nossa família por tantos anos... agora era refém de uma mente que se desfazia em fragmentos.
— Nonna... — minha voz saiu baixa, embargada. — Eu... queria estar aí. Queria poder fazer alguma coisa.
— Só o tempo, minha pequena — ela respondeu com doçura. — Mas me alegra te ouvir. E como foi tua festa de noivado? Me diga, quero algo bonito pra imaginar enquanto olho pra ele dormindo.
Sorri, mesmo com os olhos úmidos.
— Foi lindo, nonna