O altar era frio.
Frio como a morte, como a lua quando se esconde atrás das nuvens.
As correntes, grossas e vivas, se moviam sozinhas, prendendo meus pulsos e tornozelos como serpentes de prata líquida. Cada elo parecia pulsar, acompanhando o batimento do meu coração.
O templo estava em ruínas.
As colunas caídas ainda fumegavam, o chão coberto por fragmentos de pedra e brasas vivas. O cheiro de ferro queimado misturava-se ao da magia, um perfume denso, metálico, que grudava na pele.
O eclipse estava quase completo.
A lua, agora tingida de vermelho, pairava imóvel no céu, como se observasse de cima o que acontecia dentro daquele lugar amaldiçoado.
O ar tremia, e o tempo parecia se esticar.
Senti o gosto do sangue nos lábios.
Não sabia se era meu ou de alguém mais.
O corpo doía em cada fibra, e a luz das runas sob mim se acendia e apagava, tentando me conter, tentando impedir o inevitável.
E então, ouvi.
Um rugido.
Baixo, gutural, vindo das sombras do corredor destruído.
Um som que eu r