A cidade parecia um labirinto de concreto e luzes artificiais.
O som dos carros, o cheiro de fumaça, o eco distante de passos. Eu não pertencia àquele lugar, mas ela estava ali, perdida entre humanos que jamais entenderiam o que ela realmente era.
Rebecca.
Ainda podia sentir o rastro do perfume dela no ar, leve, misturado à brisa fria e à chuva que começava a cair fina. O vínculo pulsava dentro do meu peito, como uma bússola viva, apontando sempre para ela.
Corri.
Não importava a dor nas pernas nem a febre que voltava em ondas. Cada batida do meu coração dizia o mesmo nome.
Virei a esquina e a vi.
Ela andava apressada, os cabelos molhados colando ao rosto, os óculos escorregando um pouco pelo nariz. O casaco cinza parecia grande demais, o mesmo que ela usava quando vivia entre humanos, tentando desaparecer.
Mas não havia como não notá-la. Mesmo disfarçada, mesmo sem o brilho da loba, ela era o centro da minha visão.
A chuva engrossou. Rebecca apertou o passo, sem olhar para trás.
— Re