Cada dia começa igual, mas termina mais pesado. Levanto antes do sol, preparo o corpo para a rotina que espera por mim e, por fora, desempenho o papel que todos exigem: o alfa que não vacila, o homem que é pilar e aço.
O todo poderoso, Alfa!
Caminho pelos corredores da casa principal com passos medidos, inspeciono as armas, confiro as patrulhas, cumpro as cerimônias, recebo as delegações. Tudo sempre igual! Dou ordens com a voz que conhecem e obedecem. Repito conselhos que aprendi, frases que soam firmes, instruções que antes motivavam. O ritual me mantém no lugar do qual não posso cair, e por isso o repito como quem recita um feitiço contra o medo.
Eu vivia no automatico.
Mas quando fecho a porta do meu quarto e a noite me encontra sozinho com o teto, percebo a distância entre o que faço e o que sinto. Há um vazio tão amplo no meu peito que me quebra cada vez mais. Cobro de mim a mesma autoridade que um dia brotou natural, fazia parte de mim mas agora cada gesto exige esforço.
Cada