O frio do chão úmido entrava pelos ossos de Lyra. O corpo estava fraco, pesado demais para se mover. Ela estava deitada sobre as pedras geladas daquele calabouço imundo, respirando com dificuldade, e cada suspiro parecia cortar por dentro. O cheiro de ferrugem e mofo impregnava suas narinas, misturado ao odor de sangue seco que parecia fazer parte daquele lugar.
Lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto sujo quando ela levou as mãos trêmulas à barriga ainda lisa. O desespero se misturava a uma frágil centelha de esperança.
— Vai ficar tudo bem… — sussurrou para si mesma, a voz quase inaudível. — O papai vai vir buscar a gente. Ele vai salvar nós dois…
O choro se tornou soluços abafados. Ela se encolheu contra a parede, apertando os olhos com força enquanto murmurava preces para a Deusa da Lua. Não temia a própria morte; o medo que a dilacerava vinha de perder o pequeno ser que agora sabia carregar dentro de si.
— Por favor… — implorou, os lábios rachados tremendo. — Deixa ele me achar