O silêncio no calabouço era quase tão opressor quanto o cheiro de ferrugem e mofo impregnado nas paredes úmidas de pedra. O tempo passava lento, pesado, como se o mundo lá fora houvesse esquecido que duas pessoas estavam presas ali dentro, tentando manter o pouco de esperança que ainda lhes restava.
Era estranho. Não havia sons acima, nem com a audição aguçada de lobo delas conseguiam ouvir. Não ouviam nada além da brisa, do som dos pássaros... Não parecia ser uma alcatéia, não tinha outros lobos ali, tinham certeza.
Lyra e Petra dormiram encolhidas uma na outra, tentando aquecer os corpos tremendo pela febre e pela fraqueza provocada pelo veneno de mata-lobos. Os efeitos continuavam se alastrando pelas veias das duas, consumindo sua força pouco a pouco, como uma praga silenciosa. Ainda assim, havia algo em Lyra, uma inquietação maior, uma dor interna que não cessava.
Ela havia sentido durante a madrugada: seu corpo reagia por conta própria, os músculos se contorciam, a pele esquenta