A escuridão parecia ter peso.
Lyra abriu os olhos com dificuldade, os cílios grudados pela umidade que escorria de sua testa. Sua respiração saiu fraca, o peito arfando com dor. Estava deitada sobre algo frio e duro, o chão de pedra. Um cobertor rústico cobria parte de seu corpo, ainda estava nua por baixo, afinal, foi assim que eles a tiraram de sua casa, de sua alcateia. Tentou se mover, mas o menor esforço fez os pulsos arderem em carne viva.
As cordas estavam apertadas, ensanguentadas, rasgando sua pele delicada e fazendo o cheiro de sangue se misturar com a podridão daquele lugar..
Ela arfou de dor ao se arrastar alguns centímetros. O cheiro do ambiente era insuportável, e não apenas pelo mofo ou pela sujeira do local. Havia algo mais, algo ácido, fétido, que penetrava em suas narinas e revirava seu estômago.
— Mata-lobos... — murmurou, a voz rouca.
Era um odor inconfundível. Uma erva venenosa para os de sua espécie, que enfraquecia os sentidos, corrompia os instintos, minava qua