O quarto era silencioso, exceto pelo som constante e ritmado do monitor cardíaco. A luz do entardecer atravessava as persianas parcialmente fechadas, projetando listras douradas sobre a cama branca onde River continuava deitado, imóvel, há dois dias. Lyra estava sentada ao lado dele desde a primeira noite, não comia direito, não dormia, mal saía dali para tomar banho.
Ela segurava sua mão com firmeza, como se o toque fosse suficiente para mantê-lo ancorado ao mundo dos vivos.
A cada hora que passava, um médico ou enfermeiro, todos usando equipamentos sofisticados, jalecos bordados com o símbolo da alcateia, entrava para verificar os sinais vitais, administrar medicação, escanear o cérebro dele com aparelhos que mais pareciam ter saído de um hospital humano de cidade grande.
Era tudo tão diferente da Ventos Sombrios.
Aquela estrutura, aquelas tecnologias, as câmeras discretas nos cantos do teto, os sensores de presença nos corredores, os sistemas de segurança com reconhecimento facial.