Luna Perdida. A Escrava do Inimigo.

Luna Perdida. A Escrava do Inimigo.PT

Lobisomem
Última actualización: 2025-06-06
Grazy Souza  Recién actualizado
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Resumen
Índice

No mesmo dia em que foi amaldiçoada, Hoop também perdeu aquilo que mais a definia: sua forma lupina. Consumida pela dor ela escolhe deixar a alcateia de Vale Verde na calçada da noite. Na estrada da fuga e do recomeço, Hoop cruza com Connor, um lobo misterioso cuja presença acende nela uma conexão intensa e inexplicável. Mas a paz é breve. Capturada por uma alcateia rival, Hoop cai nas garras do implacável Alpha inimigo de seu pai, tornando-se prisioneira e escrava num território hostil. O destino, no entanto, tem suas próprias armadilhas. Dividido entre a lealdade ao pai e o laço de companheiro com Hoop, Connor é forçado a confrontar verdades que podem mudar tudo. Entre cicatrizes do passado, laços proibidos e o risco iminente de guerra, Hoop precisa lutar para proteger o que restou de si, e reacender a chama selvagem que nunca deixou de arder dentro dela.

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Capítulo 1

1. Quebrada

Hoop

Sou Hoop Kristyn, ou pelo menos era. A Luna da alcateia Vale Verde. A rejeitada.

Tudo começou na maldita noite em que as bruxas do norte invadiram nosso território. Mulheres sem alma, sem coração. Sedentas por poder, por território… por destruição.

Eu vi tudo. Em meio à confusão de bruxas e lobos, a líder delas cravou um arpão enfeitiçado no coração da minha mãe, bem diante dos meus olhos.

Foi como se aquele arpão tivesse atravessado meu próprio peito. O grito que saiu da minha garganta foi selvagem, rasgado. Minha mãe caiu lentamente, os olhos se apagando. E do outro lado, eu vi meu pai… se quebrar.

A alma gêmea dele estava morrendo, e a minha também, minha mãe era o alicerce da nossa família, a Luna perfeita para nossa alcateia.

Eu nunca serei como ela”.

Eu senti a dor dela.

A dor dele.

A dor da alcateia, que uivava em agonia.

E a minha própria dor.

Eu não pensei. Só agi. Num impulso de fúria, desespero e dor, corri em direção à bruxa. Ninguém percebeu minha aproximação. Encarei aqueles olhos negros como a própria noite, e com minha mão, arranquei o coração dela. Levantei o braço, mostrei a todos. Esmaguei o coração negro diante dos olhos de todos. Era o mínimo diante do que ela nos causou.

O tempo parou.

O silêncio caiu sobre o campo.

Todos me olharam. Uns com orgulho. Outros, com espanto. Outros com ódio.

Foi quando a segunda no comando das bruxas me lançou uma maldição:

O que é tão belo aos olhos nus, horroroso se tornará, e nenhuma besta te aceitará.

O que um animal faz, uma bruxa supera, e uma nova essência a espera.

Aquilo que repudia, será tudo o que se tornará.”

Assim que ela terminou, sumiram como fumaça ao vento.

Eu não tive tempo de entender. Uma dor insuportável tomou meu corpo e me fez cair de joelhos. Senti como se garras invisíveis rasgassem minha carne. Eu era apenas uma espectadora do meu próprio corpo. Meu rosto começou a se retorcer, arder.

Gritei. Gritei de dor. Minha loba uivava dentro de mim, desesperada. Cicatrizes vermelhas, grossas e grotescas surgiram na minha pele. Me tornei… horrível. A mulher e loba mais feia que já havia pisado naquele chão.

Naquele dia, senti a dor mais profunda da minha vida.

‘Cristal’ chamo minha loba pelo elogio mental.

‘Desculpe, Hoop... Estou fraca demais para te ajudar...’

A voz da Cristal estava fraca, sofrida. Minha loba, sofria… então, o silêncio se instalou.

— Cristal? Cristal?! Onde você está?! Eu preciso de você! Cristal! POR FAVOR!

Eu gritava. Em desespero. Mas ela não respondia.

Então, senti braços me envolvendo. Pelo cheiro, eu soube: era meu pai.

 — Não chore, minha menina. Estou aqui. Sempre vou estar.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto, que ardia muito. 

Com cuidado, ele levantou meu queixo. O espanto nos olhos dele me destruiu.

— Está tão feio assim? — perguntei, mal conseguindo conter as enxurradas de lágrimas prestes a cair.

— Nada pode tirar sua beleza, minha princesa — ele respondeu, com a voz falhando, enquanto tenta segurar seu choro.

Não acreditei. Mas, me agarrei àquele gesto como quem se agarra à última tábua antes de afundar. Ele me acolheu no colo, como quando eu era criança. Me escondi em seu peito.

Com firmeza, ele ordenou que ninguém entrasse na propriedade além de Meg. Nem meu companheiro pôde se aproximar. Depois, ele me deixou no quarto e foi cuidar dos funerais. Foi se despedir do amor da vida dele.

Enquanto isso, a alcateia se dividia. Alguns me viam como uma guerreira, como a nova Luna corajosa que matou a líder das bruxas. Outros diziam que eu os condenei. Que minha aparência era a prova de que eu devia ser temida… ou rejeitada. Já se perguntavam se o Beta ainda me aceitaria.

Assim que fiquei sozinha, me tranquei no banheiro. Quando olhei no espelho, entendi porque meu pai me embalou em seus braços, tentava esconder. Eu estava horrível. Uma cicatriz em forma de raiz descia do canto dos meus olhos, atravessando a face direita até o busto. Tirei a camiseta e virei de costas: mais cicatrizes.

A raiva e a dor me consumiram. Quebrei o espelho. Mas o que queria quebrar era eu mesma.

Encolhida no canto do banheiro, chamei por Cristal. Mas o silêncio persistia.

— Amiga, você está bem? — Ouvi a voz de Meg do lado de fora.

— Vai embora, Meg! — gritei.

— Sabe que não vou. Que barulho foi esse? Você está bem?

— Vá embora! Não quero ver ninguém! — sussurrei, sem forças.

— Sai de perto da porta, ou eu vou derrubar.

Não respondi. Levantei, fui até o box, liguei o chuveiro. Entrei com roupa e tudo. Esfreguei meu rosto com força. A carne ardia, mas eu não parava. Queria apagar aquilo.

Até que uma mão gentil segurou meu pulso. Meg.

Ela tirou a esponja da minha mão e me abraçou.

E eu desabei. Chorei. No colo da minha melhor amiga, deixei toda a dor sair.

Depois que me acalmei, ela me ajudou a sair do banho, escolheu uma roupa e trouxe um chá quente.

Eu nem percebi quando adormeci. Mas logo acordei…

Com uma discussão acalorada do lado de fora.

Ainda sonolenta… 

Segui até onde a voz do meu pai estava alterada e senti como se estivesse saindo de um pesadelo... apenas para viver outro.

— Eu não vou me acasalar com aquela aberração! Você olhou bem no rosto dela? — Ouvi Tom dizer, com repulsa escorrendo de cada palavra.

— Ela não é uma aberração. É minha filha. Sua Luna. Sua companheira — respondeu meu pai, com aquela firmeza de Alpha que sempre me enchia de segurança... até hoje.

— Era minha companheira! Não existe a menor condição de me juntar a ela. Eu não vou sentir desejo, e sim repulsa. Como vamos procriar? O que dirão de mim, de nós, da alcateia quando a apresentarmos?

Minhas pernas ficaram bambas. Era como se alguém tivesse enfiado uma lâmina no meu peito e torcido com força. Desde criança, eu era apaixonada por Tom. Ele foi o primeiro a me prometer algo. Quando disse que eu era dele, meu mundo ganhou cor. Eu estava prometida ao amor da minha vida.

E agora... ele me rejeitava. Da forma mais cruel possível.

A dor era absurda. Insuportável.

‘Ele não pode nos rejeitar… Estou muito fraca… Se ele nos rejeitar, eu temo não…’ Cristal sussurrou em nossa conexão, mas eu a interrompi com firmeza.

‘Você está proibida de continuar essa frase.’

Respirei fundo e dei um passo em direção à sala. O silêncio que se fez foi ensurdecedor. Os sussurros começaram. Eu senti os olhares queimando sobre mim. Alguns, cheios de piedade. Outros de medo. Mas o que me dilacerou... foi o olhar dele.

Nojo. Repulsa do Tom.

Ele me encarou com ódio e desprezo. Sem qualquer hesitação, ele declarou:

— Hoop Kristyn, eu te rejeito como minha companheira.

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9 chapters
1. Quebrada
2. Ecos da Solidão
3. Carta de despedida
4. Missão
5. Caminho
6. Encurraladas
7. Sem lobo, ela não nos reconheceria.
8. Pela Hoop
9. Descoberta
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