A névoa verde demorou uma eternidade para baixar.
Pelo menos foi assim que pareceu para Lyra.
Ela sentia o gosto metálico de magia queimada na língua, os pulmões ardendo, como se tivesse respirado fogo, não fumaça. A visão piscava em manchas escuras e esverdeadas, o som do campo de batalha parecia distante, abafado, como se ela estivesse submersa em água gelada.
Mas, pouco a pouco, o mundo foi voltando.
Primeiro, o cheiro.
Sangue. Pelos queimados. Terra revirada. O fedor podre da magia de Atlas misturado ao perfume familiar que enchu seu coração de amor, o cheiro dele.
River.
Quando a névoa se abriu de vez, como um véu rasgado, Lyra viu.
O supremo.
O corpo colossal se erguia acima de todos os outros lobos, uma sombra gigantesca recortada contra o céu agora cinzento. O pelo escuro, manchado de sangue, parecia absorver quase toda a luz que batia contra ele. As garras ainda pingavam vermelho. Os olhos, antes verdes e dentes agora pulsavam no vermelho que Lyra conhecia que amava.
A luna t