Algo rachou.
Ela sentiu.
Não sabia se foi dentro dela ou dentro dele, mas alguma coisa trincou, como vidro sob pressão. River uivou de novo, um uivo ainda mais desesperado, e a pata travou no ar. As garras não desceram. Os olhos dele piscavam entre verde e vermelho agora, num padrão descontrolado. Verde. Vermelho. Verde. Vermelho. Por um segundo, Lyra teve certeza de que viu algo familiar surgir no meio daquela cor doente, um lampejo de reconhecimento, de dor que não era física.
— RIVER! — a voz de Atlas cortou o ar outra vez, mais aguda, quase falhando. — OBEDECE!
Atlas não aceitava, não podia aceitar que a antiga marionete dele tinha qualquer resistência, não suportava nada que o contrariasse.
Lyra sentiu que, se continuasse ali embaixo, seria esmagada, se River cedesse um centímetro àquele comando.
Por isso, aproveitou a brecha.
Reuniu o resto da força que tinha, cada fragmento, cada resquício de coragem e instinto. Com um esforço brutal, girou o corpo de loba debaixo dele, se enco