O som da chuva batendo contra o tecido grosso da tenda foi a primeira coisa que Lyra ouviu ao acordar. A cabeça latejava, seu corpo inteiro doía, até tentou se mover, e quando o fez, o som do metal tilintando quebrou o silêncio abafado do lugar.
As mãos estavam presas acima da cabeça, correntes grossas de prata atravessando os pulsos. Assim que tentou forçar o movimento, o metal queimou sua pele, e um choque elétrico percorreu o corpo inteiro. Lyra gritou, o som rouco, dolorido, ecoando dentro da tenda luxuosa.
A respiração saiu em ofegos curtos, o ar cheirava a sangue, vinho e incenso. Ela olhou ao redor, encontrando tapetes vermelhos, velas acesas, cortinas de seda, o contraste do luxo com a sujeira do chão a enojou.
Sabia exatamente onde estava, o cheiro não deixava esconder, aquela eram as terras de ninguém um lugar que ela conhecia melhor do que desejava e que lhe trazia lembranças ruins de antes de sua família, da noite em que conheceu River, anos atrás.
Mas não estava num pont