Eu só tive tempo de respirar.
— Eu… eu, senhor?
Eleonor soltou um som que poderia ser tanto desdém quanto riso contido. Enquanto Alistair ignorou meu espanto.
— A verdade é que você é mais útil aqui do que lá. — A voz dele desceu alguns tons, quase um ronco irritado. — Mas… precisaremos de uma criada confiável durante a viagem. E você, apesar de tudo… — ele fez um gesto indiferente com a mão — …tem se mostrado obediente.
Nada daquilo fazia sentido. Não era comum levar empregados tão jovens em viagens tão longas. Além do mais, todos os criados da casa seriam tão úteis quanto eu.
E Eleonor me encarava com ódio suficiente para incendiar o tapete, ela jamais aprovaria algo que me “favorecesse”.
Mas aprendi há muitos anos que questionar Alistair era pedir por dor. Baixei a cabeça.
— Sim, senhor. Agradeço a… oportunidade.
Ele sorriu com um canto da boca. Um sorriso que não tinha nada de humano.
— Partiremos ao amanhecer — ele disse, apagando o charuto no cinzeiro com brusquidão.