Os dias seguintes ao evento foram intensos. Leonel parecia cada vez mais envolvido. Mensagens carinhosas, convites para jantar, pequenos gestos que faziam o coração de Luna bater diferente.Mas nem tudo eram flores.Naquela tarde, Luna encontrou sua irmã, Lívia, sentada na escada da pensão, os olhos marejados.— O que houve? — Luna se ajoelhou à frente dela.— A assistente social veio de novo. Ela disse que se você continuar ausente, vão considerar me tirar daqui.O mundo de Luna tremeu.— O quê? Por que você não me contou isso antes?— Porque eu vi como você está feliz. Não queria ser um peso.Luna sentiu o chão sumir sob seus pés. Por um instante, tudo o que estava construindo com Leonel pareceu tão... distante.— Você nunca vai ser um peso. Nunca. Eu faço tudo por você, Lívia.A garota a abraçou apertado, mas o medo estava ali. Presente. Real.Naquela noite, Luna não respondeu à mensagem de Leonel.Ele ligou. Uma vez. Duas. Três.Na quarta, ela atendeu.— Aconteceu alguma coisa? —
Acordar com mensagens, ligações e notificações vibrando como enxame de abelhas no celular era, para Luna, o prenúncio de desastre. Ela ainda estava deitada, os cabelos espalhados no travesseiro, quando a primeira ligação de Marina — sua colega da cafeteria — acendeu o alarme em sua mente.— Luna... amiga... você já viu?— O quê?— Saiu uma matéria... num blog de fofoca... Meu Deus, eles cavaram seu passado todinho!O coração de Luna parou por um segundo.— Que matéria?— Jogaram seu nome, sua história com o tal empresário casado, fotos suas antigas... Tudo! E ainda te chamam de “a nova amante do herdeiro Leonel Bragança”.A respiração de Luna se tornou irregular. Ela pulou da cama, os dedos tremendo ao abrir o link que Marina lhe enviou.O título era uma punhalada:“Ela voltou! A ex-amante do escândalo agora fisga o herdeiro bilionário. Coincidência... ou repetição de padrão?”As fotos vinham em sequência. Primeiro, Luna com o homem casado. Depois, imagens recentes dela com Leonel no
O escândalo na internet ainda borbulhava como água fervente. Mas Luna tentava manter a cabeça erguida. Por ela. Por Leonel. Por Lívia.Ela estava determinada a resistir, mesmo com o coração machucado. Só que o destino... tinha planos ainda mais cruéis.Naquela manhã, enquanto tentava organizar seu dia, recebeu uma ligação do colégio da irmã. O tom da diretora era frio, burocrático.— Senhora Luna Duarte?— Sim, sou eu.— Precisamos que compareça à escola com urgência. É sobre a aluna Lívia Duarte. A assistente social está aqui conosco.Luna sentiu o mundo girar.— Aconteceu alguma coisa com a minha irmã?— Por favor, venha o quanto antes.Meia hora depois, Luna chegava ofegante à sala da direção. Lívia estava sentada em um canto, com os olhos inchados. Ao lado dela, uma mulher de terno cinza e expressão inexpressiva segurava uma pasta.— Luna Duarte? — disse a mulher.— Sim. O que está acontecendo aqui?— Meu nome é Cecília Ramos, sou da Vara da Infância e Juventude. Recebemos uma den
Os dias seguintes foram um vendaval de emoções.Luna mal dormia. A imagem de Lívia sendo levada pela assistente social a perseguia como um pesadelo recorrente. Mas, ao mesmo tempo, o que ela e Leonel estavam construindo parecia crescer, ainda que em meio à lama da exposição.Ela agora vivia com ele. Um universo de luxo, segurança... e amor. Sim, ela já não negava o que sentia. Por mais que tudo estivesse em ruínas lá fora, no olhar de Leonel havia algo firme, sólido, que fazia seu mundo parecer menos quebrado.Naquela noite, ele a levou para a cobertura de vidro no topo do prédio — um espaço reservado, com vista para a cidade iluminada, rodeado por cortinas leves e luzes suaves. A mesa estava posta com cuidado, o jantar elegante, mas discreto.— Você está tentando me fazer esquecer o inferno que minha vida virou? — ela perguntou, com um sorriso triste.— Não. Estou tentando te lembrar que você ainda pode viver o céu.Ela abaixou o olhar, tocando a taça de vinho com os dedos finos.— L
Luna estava pronta.A dor se transformara em arma. A vergonha, em escudo. E o amor que começava a florescer entre ela e Leonel... era a faísca que incendiava sua alma.Naquela manhã, ela apareceu ao vivo no programa de maior audiência do país.Vestia-se com elegância: um blazer branco marcando sua cintura, cabelos presos num coque firme, maquiagem suave, mas impactante. Havia poder no olhar dela. Postura de quem não se curva. De quem cansou de ser jogada no chão.Leonel assistia da cobertura, com os punhos fechados e o coração acelerado. Ela não queria que ele fosse com ela. Disse que precisava enfrentar sozinha. Ele respeitou.No estúdio, a apresentadora iniciou a entrevista com cautela:— Luna Duarte, você virou o centro de uma polêmica nacional. Foi chamada de interesseira, oportunista, destruidora de lares... e agora está envolvida em um processo de guarda da sua irmã. O que tem a dizer?Luna respirou fundo. Não piscava.— Eu fui julgada sem ser ouvida. Fui apedrejada por escolher
As luzes da cobertura estavam apagadas. Apenas a penumbra do luar invadia o quarto, pintando o contorno dos corpos entrelaçados na cama. Luna dormia com a cabeça sobre o peito de Leonel, seu rosto tranquilo, os lábios entreabertos, como se sonhasse com um lugar onde finalmente estivesse em paz.Mas Leonel não dormia.Seus olhos fitavam o teto, como se ali estivessem escritas todas as verdades que ele ainda escondia.O sucesso de Luna na televisão, a comoção nas redes, as provas contra Isabel... tudo caminhava para o final feliz que ela tanto merecia. Mas havia uma sombra que pairava entre eles. Uma sombra que Leonel enterrou anos atrás e que agora ameaçava ressurgir.Do lado da cama, seu celular vibrou em silêncio.Mensagem anônima: “Você pode apagar o passado da mídia. Mas não da memória de quem sofreu por sua causa. Em breve, todos saberão quem você é de verdade.”O sangue gelou.Lentamente, ele se soltou dos braços de Luna e se levantou, indo até o cofre escondido atrás de um paine
Luna apertava a bandeja contra o peito, tentando ignorar o som irritante dos saltos e risos fingidos que ecoavam no salão luxuoso do Hotel Elite. As mãos suadas denunciavam sua ansiedade, mas ela mantinha o sorriso treinado nos lábios.A festa de lançamento de uma linha de relógios exclusivos atraía a elite da cidade. Ela não pertencia àquele lugar. Sabia disso desde o momento em que colocou os pés no salão e encarou os lustres de cristal que pareciam zombar de sua simplicidade.— Dois espumantes, por favor — pediu uma mulher loira, com joias que brilhavam mais do que a própria iluminação.Luna assentiu, entregando as taças com cuidado. Fingiu não ouvir o comentário maldoso logo em seguida.— Essas garçonetes deviam ter um curso de etiqueta antes de servir a gente.Virou-se e seguiu até o balcão, mordendo a língua. Só precisava do dinheiro. Um turno, só isso. Depois voltaria para o quartinho minúsculo que alugava em Vila Oeste e cuidaria de sua irmã mais nova.Foi quando o viu.Alto.
Luna andava rápido pela calçada molhada. A chuva fina voltava a cair, mas ela não se importava. O vento frio batia em seu rosto, enquanto sua mente repetia as palavras de Leonel."Isso ainda está longe de terminar."Ela deveria ignorar. Deveria esquecer. Mas não conseguia. Havia algo no jeito dele — no olhar firme, no sorriso inclinado — que desarmava suas defesas.No pequeno quarto de pensão, Luna encontrou sua irmã, Lívia, dormindo enrolada em um cobertor fino. A visão foi um soco no peito. Ela tirou os sapatos silenciosamente, sentou-se na beira da cama e respirou fundo.Leonel Bragança não fazia parte da realidade delas. Era apenas um capricho do destino, uma distração que ela não podia se permitir.Na manhã seguinte, Leonel estava em sua sala de reuniões no 38º andar da Bragança Corporation. Mas sua mente não estava no relatório de investimentos que seu diretor financeiro apresentava.Estava nela.Luna.O nome ecoava como um feitiço. Ele era um homem prático, objetivo, controlado