Capítulo 5 – A Outra Face do Luxo

Luna acordou antes do sol nascer. Não por vontade, mas por instinto. Um aperto no peito. Um pressentimento estranho.

Leonel ainda dormia, o braço repousando sobre sua cintura, o corpo nu coberto apenas pelo lençol de linho. Ela o observou por longos segundos. Era lindo. Forte. Seguro. E totalmente fora do seu mundo.

Ela deslizou da cama sem acordá-lo, recolhendo silenciosamente as roupas espalhadas pelo chão. Precisava respirar. Pensar.

Estava se envolvendo. Estava se perdendo.

Na pensão, Lívia a esperava com cara de poucos amigos.

— Onde você estava, Luna?

— Eu… precisei sair.

— De novo com aquele homem? — perguntou a adolescente, cruzando os braços. — Você mal o conhece!

— E você desde quando se tornou minha mãe? — retrucou Luna, cansada demais para discutir.

— Eu só não quero te ver se machucando.

Luna parou. Olhou para a irmã.

— Eu também não quero. Mas, Lívia… pela primeira vez em muito tempo, eu me sinto viva.

Na manhã seguinte, Luna voltou ao trabalho no restaurante. Estava distraída, os pensamentos ainda mergulhados em Leonel, quando ouviu uma voz feminina atrás de si.

— Então é você.

Ela se virou e deu de cara com uma mulher alta, elegante, com cabelos loiros presos num coque perfeito e olhos frios como gelo.

— Desculpa… nos conhecemos?

— Ainda não. Mas eu conheço o Leonel. Intimamente.

O coração de Luna gelou.

— Quem é você?

— Isabel Bragança.

O sobrenome caiu como uma bomba.

— Irmã dele?

— Ex-noiva.

Luna sentiu o chão se mover sob seus pés.

— Eu não entendi… vocês...?

— Estávamos prestes a nos casar. Mas então, ele se cansou. Como sempre faz.

Luna engoliu seco.

— O que você quer de mim?

Isabel se inclinou, cruel.

— Só vim avisar: ele é assim com todas. Você não é especial. É só o brinquedo da vez.

E saiu, deixando Luna com o sangue fervendo e o coração despedaçado.

Horas depois, Luna esperava na entrada do prédio de Leonel, os punhos cerrados. O segurança tentou impedi-la, mas Leonel apareceu no saguão, surpreso.

— Luna? O que houve?

Ela caminhou até ele, firme.

— Ex-noiva, Leonel? É isso mesmo?

Ele fechou o rosto.

— Isabel te procurou?

— Você mentiu pra mim!

— Eu não menti. Só não te contei.

— Isso é praticamente a mesma coisa!

— Isabel foi uma parte do passado. Uma parte complicada. Não significa nada agora.

— Ela acha diferente. Ela disse que você troca de mulher como quem troca de relógio!

— E você acredita nisso?

Luna hesitou.

— Não sei. Mas estou com medo de ser só mais uma.

Leonel a puxou pela mão, olhando dentro de seus olhos.

— Você não é. Eu juro por tudo.

— Então me prova.

— Como?

— Me deixa entrar de verdade. Na sua vida. No seu mundo. Sem máscaras.

O silêncio entre eles ficou denso. Então, Leonel assentiu devagar.

— Amanhã à noite. Tem um evento da família Bragança. Formal. Exclusivo. Quero que você vá comigo.

— Com esse seu mundo de gente rica e cruel?

— Comigo.

Ela respirou fundo. Sabia que estava cruzando uma linha da qual não poderia voltar. Mas seu coração já tinha feito essa escolha antes mesmo que ela aceitasse.

— Então eu vou.

No dia seguinte, Leonel mandou um vestido preto de seda, com sapatos de salto e uma joia discreta, porém caríssima.

Luna se olhou no espelho e mal se reconheceu. Estava linda. Elegante. Quase uma mulher que pertencia àquele mundo.

Mas o coração ainda era da menina que cresceu lutando por cada centavo.

Quando o carro chegou, ela entrou. Leonel a esperava no banco traseiro. E quando a viu, sorriu como se o mundo tivesse parado.

— Você está… inacreditável.

Ela sorriu, nervosa.

— E você está me colocando no olho do furacão, sabe disso, né?

— Então vamos voar no meio dele juntos.

A festa era em um casarão histórico, repleto de luzes douradas, gente importante e taças de cristal. Todos os olhares se voltaram para eles assim que entraram.

Alguns de surpresa. Outros de puro julgamento.

Leonel a segurava pela cintura como quem dizia: “ela é minha”. Mas Luna sentia os olhares como lâminas.

No meio do salão, ela viu Isabel. De longe. Sorrindo de canto. Como quem sabia que aquela história ainda estava longe de um final feliz.

Mas Luna ergueu a cabeça. Ela não iria recuar.

Ela ia lutar.

Mesmo que isso custasse tudo.

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