Luna acordou sentindo o calor de Leonel ao seu lado. Os lençóis bagunçados, o perfume dele ainda preso à sua pele. Tudo parecia mais leve. Mais certo. Pela primeira vez, ela respirava sem o peso do medo.Leonel dormia profundamente, a expressão serena de quem havia enfrentado e vencido seus fantasmas. Luna passou os dedos pelos cabelos dele, sorrindo.Mas o celular dela vibrou na mesa de cabeceira. Uma mensagem.Número desconhecido: “Você achou que podia me esquecer? Não tão fácil, Luna. Estou de volta.”Ela sentiu o coração parar.Um frio na espinha.Não... não podia ser.Ela pulou da cama, pegou o celular, e a mensagem piscava como uma maldição.Ela sabia exatamente quem era.Arthur.Flashback. Três anos antes.Luna tinha apenas vinte anos quando conheceu Arthur. Bonito, carismático, vendedor de sonhos — e golpes. Ele surgiu quando ela estava mais frágil, trabalhando como garçonete, tentando ajudar a mãe com as contas.Arthur a seduziu com palavras doces e promessas de estabilidade.
Luna sentia as mãos suadas enquanto se aproximava da cafeteria do centro, onde Arthur havia marcado o encontro. Ele não dissera nada além de um simples: “Apareça. Ou eu conto tudo pro seu namorado.”O coração batia como se quisesse saltar do peito. Mas ela precisava encarar. Precisava impedir que ele usasse o passado como arma. Não mais.Quando entrou, o viu no fundo do salão.O mesmo sorriso sarcástico. O olhar que um dia a fez se sentir desejada… e depois a fez se sentir um lixo. Arthur estava mais magro, o cabelo mais curto, mas o veneno nos olhos ainda era o mesmo.— Luna — ele disse, abrindo os braços. — Quanto tempo, meu bem.Ela não sentou. Ficou de pé diante dele, firme.— Diz logo o que quer.Ele riu, encostando-se na cadeira como um rei no trono.— Calma, querida. Senta, vamos conversar como civilizados.— Eu não tenho nada pra conversar com você.Arthur apoiou os cotovelos na mesa e inclinou o corpo.— Ah, mas eu tenho. Você se esqueceu que ainda somos casados? Que tecnicam
Depois do beijo no terraço, Luna e Leonel permaneceram abraçados por minutos, como se o mundo lá fora tivesse sumido. O frio da noite contrastava com o calor entre seus corpos.Ela precisava daquela conexão. Daquele momento em que ele a aceitava por inteiro, com falhas, passado, medos e tudo mais.— Vamos pra minha cobertura — ele sussurrou, a boca roçando o ouvido dela. — Preciso de você. Agora.Ela apenas assentiu.O elevador subiu devagar, como se sentisse o peso do desejo represado. Eles estavam lado a lado, mas a tensão entre os dois era quase palpável. Quando as portas se abriram, ele a puxou pela cintura e a beijou com urgência, com fome.— Quero sentir que você é só minha — ele disse, a voz rouca.— Eu sou sua — ela respondeu, entregando-se sem reservas.A cobertura estava em meia-luz. Ele a conduziu até o quarto sem parar de beijá-la, as mãos explorando suas curvas com reverência e desejo.Luna tirou o vestido com um movimento, revelando a pele quente e o corpo que Leonel já
Luna saiu do prédio sem dizer uma palavra. Leonel tentou detê-la, mas ela precisava respirar. Precisava pensar. Precisava entender.A imagem daquela mulher grávida continuava presa na sua mente. A dedicatória atrás da foto... o tom ameaçador... tudo parecia um aviso: Nada é tão perfeito quanto parece.Ela sabia que Leonel tinha um passado — todos tinham. Mas o que a doía era o fato de ele ter escondido.Se existia a chance de ele ter um filho e nunca ter contado… como confiar?Ela andou por quarteirões inteiros até entrar numa padaria simples, sentar num canto, e abrir o celular. Pesquisou tudo o que pôde. Nome da empresa de Leonel, envolvimentos antigos, colunas de fofoca, fotos antigas.E então… ela viu. Uma imagem de três anos atrás, numa festa de gala. Leonel com uma morena elegante ao lado.A legenda dizia: Leonel Bragança e Alícia Vasques, diretora da área internacional da Bragança Group, aparecem juntos no evento beneficente da ONG Luz da Vida.Luna sentiu o nome se cravar no p
Luna apertava a bandeja contra o peito, tentando ignorar o som irritante dos saltos e risos fingidos que ecoavam no salão luxuoso do Hotel Elite. As mãos suadas denunciavam sua ansiedade, mas ela mantinha o sorriso treinado nos lábios.A festa de lançamento de uma linha de relógios exclusivos atraía a elite da cidade. Ela não pertencia àquele lugar. Sabia disso desde o momento em que colocou os pés no salão e encarou os lustres de cristal que pareciam zombar de sua simplicidade.— Dois espumantes, por favor — pediu uma mulher loira, com joias que brilhavam mais do que a própria iluminação.Luna assentiu, entregando as taças com cuidado. Fingiu não ouvir o comentário maldoso logo em seguida.— Essas garçonetes deviam ter um curso de etiqueta antes de servir a gente.Virou-se e seguiu até o balcão, mordendo a língua. Só precisava do dinheiro. Um turno, só isso. Depois voltaria para o quartinho minúsculo que alugava em Vila Oeste e cuidaria de sua irmã mais nova.Foi quando o viu.Alto.
Luna andava rápido pela calçada molhada. A chuva fina voltava a cair, mas ela não se importava. O vento frio batia em seu rosto, enquanto sua mente repetia as palavras de Leonel."Isso ainda está longe de terminar."Ela deveria ignorar. Deveria esquecer. Mas não conseguia. Havia algo no jeito dele — no olhar firme, no sorriso inclinado — que desarmava suas defesas.No pequeno quarto de pensão, Luna encontrou sua irmã, Lívia, dormindo enrolada em um cobertor fino. A visão foi um soco no peito. Ela tirou os sapatos silenciosamente, sentou-se na beira da cama e respirou fundo.Leonel Bragança não fazia parte da realidade delas. Era apenas um capricho do destino, uma distração que ela não podia se permitir.Na manhã seguinte, Leonel estava em sua sala de reuniões no 38º andar da Bragança Corporation. Mas sua mente não estava no relatório de investimentos que seu diretor financeiro apresentava.Estava nela.Luna.O nome ecoava como um feitiço. Ele era um homem prático, objetivo, controlado
Os dias seguintes foram um jogo silencioso entre desejo e prudência. Luna tentou ignorar as mensagens educadas, mas insistentes, que Leonel mandava. Flores começaram a chegar no restaurante. Bilhetes discretos, mas carregados de tensão."Não aceito um 'não' antes de um café comigo. – L.""Estou te esperando. Só você pode me tirar do tédio."Ela odiava admitir, mas lia cada palavra mais de uma vez.Naquela sexta-feira, a noite estava abafada. O restaurante lotado, clientes exigentes, garçons correndo de um lado para o outro. Luna tentava se concentrar no trabalho, mas tudo parecia fora de ritmo. Até que ele apareceu.Em carne, osso e terno impecável.Leonel entrou no salão como se fosse dono do mundo — e talvez fosse. Todos o notaram. Todos sussurraram.Luna congelou. A bandeja quase escorregou de suas mãos.Ele caminhou até ela com aquele olhar que a despia por dentro.— Luna.— O que você está fazendo aqui? — sussurrou ela, entre dentes.— Tentando provar que eu não brinco.— Eu esto
Luna acordou com o toque suave dos lençóis de algodão egípcio contra sua pele nua. A luz da manhã invadia o quarto luxuoso através das cortinas parcialmente abertas. O silêncio era confortável, quente, íntimo.Por um instante, ela pensou que tinha sonhado. Que tudo não passava de um delírio da sua mente exausta. Mas o perfume dele ainda estava em seu corpo. E o calor de sua presença ainda queimava sob sua pele.Ela se virou devagar. Leonel estava ali, recostado na poltrona de frente para a janela, com uma xícara de café na mão e os olhos nela. Sem dizer nada. Apenas observando.— Você está me encarando — murmurou ela, puxando o lençol para cobrir os seios.— É impossível não olhar — respondeu ele, a voz grave como a noite anterior. — Você é mais do que eu imaginei.Luna sorriu, meio tímida, meio provocante.— Você imagina muita coisa, não é?Ele se levantou, caminhando até ela. Estava apenas com a calça de pijama, o peito nu revelando a força contida de um corpo treinado e desejável.