O cemitério Bragança ficava no interior, numa propriedade isolada da família. Um mausoléu frio, imponente, guardado por ferros antigos e a arrogância dos que se achavam eternos.
Leonel e Luna chegaram juntos, de mãos dadas, embora a dúvida ainda pesasse entre os dedos entrelaçados.
— Nunca pensei que voltaria aqui — ele murmurou, olhando para o nome cravado em pedra: Leônidas Bragança – Visionário. Pai. Fundador.
Mas para Luna, aquele nome começava a ter outro significado: Mentiroso. Covarde. Estuprador?
Ela não sabia. E essa dúvida a corroía.
— Você está pronta? — ele perguntou.
Ela assentiu.
Leonel retirou um envelope do bolso. Dentro, um pedido judicial para exumação do corpo, assinado por um juiz amigo da família.
— Em 48 horas, faremos o teste de DNA. E então, saberemos a verdade.
Mas a verdade... já estava a caminho. Em forma de memória.
Vinte e quatro anos antes...
A chuva caía em Vitória com fúria naquela noite.
Eloá, mãe de Luna, caminhava de salto alto pela calçada molhada,