Naquela noite, o vento frio serpenteava pelos corredores de pedra do castelo, fazendo as chamas da lareira tremeluzirem com leve inquietação. O céu estava limpo, pontilhado de estrelas, mas dentro da sala do escritório do príncipe Henry, o ar era pesado.
Carlos subiu os degraus de pedra, o som de suas botas ecoando suavemente. Bateu à porta entreaberta e encontrou o amigo inclinado sobre a mesa, cercado de papéis e livros, os olhos sombreados pelo cansaço.
— O que foi? Parece aborrecido. — disse, fechando a porta atrás de si e se aproximando, o brasão da guarda cintilando em seu uniforme recém-passado.
Henry ergueu os olhos devagar, mas sua expressão continuava sombria.
— Não é nada... E você, como está indo o trabalho de guarda? — desviou, tentando disfarçar o incômodo que lhe queimava por dentro.
Carlos sorriu, aquele sorriso leve com um toque de malícia que lhe era típico.
— Bem. Minhas irmãs estão orgulhosas ao me verem com uniforme. — disse, com um tom debochado, ac