Joaquim desceu as escadas com os olhos escondidos atrás de óculos escuros. Não era costume dele usá-los dentro de casa, mas as poucas horas de sono e a raiva mal resolvida da madrugada o obrigaram. Estava com a mandíbula travada, a barba por fazer e o corpo moído do treino
intenso.
O aroma de café fresco invadiu o corredor.
Ao se aproximar da cozinha, ouviu a risada de Isabela… e a voz dela.
Estava ali. De costas. Cabelos presos, um moletom claro que escorregava um pouco por um ombro, revelando pele demais. Ela falava com Isa como se nada tivesse acontecido.
Como se a noite anterior não tivesse deixado cicatrizes abertas em ambos.
— "Bom dia," — ele disse, a voz rouca.
Alina se virou devagar. Os olhos verdes encontraram os dele. Por um breve segundo, o mundo ficou em suspenso. Nenhum dos dois sorriu. Nenhum dos dois falou. O silêncio foi o único diálogo.
Isabela, alheia à tensão no ar, correu até ele.
— "Papai!" — Ela o abraçou com força. — "Dormiu bem?"
— "Sim, princesa."