Já se passara meio mês desde que Irene havia chegado à zona de guerra.
Apesar do pânico e da desorientação do primeiro dia, ela se adaptou rapidamente àquela realidade brutal. A rotina consistia em atender uma fila interminável de feridos, com cortes profundos causados por armas brancas, perfurações de balas perdidas e corpos destroçados por explosões. Alguns pacientes chegavam já sem vida. Os que sobreviviam, na maioria das vezes, tinham que encarar a dura realidade de uma amputação.
Em apenas uma semana, ela testemunhou despedidas agoniantes e amores inabaláveis, como o dos irmãos que atendera mais cedo. A dor inicial que sentia ao ver tanto sofrimento deu lugar a um entorpecimento necessário, uma espécie de hábito defensivo.
Ali, imersa no caos, não havia espaço para remoer o bullying, as mentiras ou a manipulação que sofrera no passado, sequer tinha tempo de pegar o celular para saber o que acontecia em seu país. Diante da escala massiva da morte, suas feridas emocionais pareciam