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Remédio Fatal

Remédio FatalPT

História Curta · Contos Curtos
Flor de Outono  concluído
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Resumo
Índice

Quando meu marido me ameaçou com o divórcio pela centésima vez, pedindo que eu me sacrificasse pela minha irmã, eu não chorei, nem discuti. Apenas assinei meu nome no papel de divórcio, e entreguei, de bom grado, o homem que amei por dez anos — para ela. Dias depois, minha irmã insultou uma das famílias mais poderosas de Santa Aurora durante um banquete. E eu, como sempre, assumi a culpa no lugar dela. Mais tarde, quando sugeriram que eu fosse a cobaia no experimento médico criado para salvá-la, também aceitei com um sorriso. Meus pais disseram que eu finalmente tinha aprendido a ser uma boa filha. Até mesmo meu marido, sempre tão frio, tocou meu rosto e disse com ternura: — Não tenha medo, Clara. O experimento é seguro. Quando você sair, eu mesmo vou preparar um jantar pra você. Mas ele não sabia… Seguro ou não, ele jamais voltaria a me ver. Eu já estava condenada — um câncer em estágio terminal. E, em breve, eu morreria.

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Capítulo 1

Capítulo 1

Meu marido, Leon Moreira, sempre usava o divórcio para me ameaçar e me forçar a me sacrificar por minha irmã. Meus pais faziam o mesmo, usando a herança como arma para que eu cedesse tudo de bom a ela.

Antes, eu chorava, gritava e me revoltava.

Mas, quando ele me ameaçou pela centésima vez, pedindo que eu substituísse minha irmã no teste do remédio, eu aceitei.

Passei a tratá-la com toda gentileza possível.

— Clara finalmente amadureceu. — Todos elogiavam.

Mas ninguém sabia que eu estava morrendo, e nada mais importava.

No dia em que fui diagnosticada com câncer, Leon empurrou pela centésima vez o acordo de divórcio diante de mim.

— Clara, o estado da sua irmã está piorando. Ela não pode mais continuar nos testes. Se não descobrirem a fórmula em um mês, ela pode morrer.

— Você e Viviane são gêmeas, têm o mesmo código genético. O médico disse que você pode substituí-la. Se não concordar... vamos nos divorciar. Afinal, a sua irmã não tem muito tempo. Ela quer que eu realize o último desejo dela.

Ouvi tudo em silêncio, observando-o falar com aquela seriedade absurda.

Desde o início, quando viram Viviane suando e tremendo durante os tratamentos, já queriam que eu fosse a cobaia.

Meus pais e o meu marido se revezaram para me convencer.

Ou melhor, para me ameaçar.

Meus pais disseram que, se eu recusasse, perderia o direito à herança da Família Alves.

E Leon ameaçou com o divórcio quase cem vezes.

Na época, eu ainda não sabia que estava doente, mas sentia o corpo cada vez mais fraco.

Então, eu disse “não”.

No instante em que recusei, vi a decepção em todos os rostos.

— Sua irmã está morrendo! Tem o remédio aqui. Basta você testá-lo, ela pode viver! Como você pode se recusar?

— É isso mesmo! Ela passou quase meio ano sofrendo. Só faltam alguns meses e você nem assim quer ajudá-la! Estou profundamente decepcionado. Se não vai salvar Viviane, então, pra nós, você deixa de ser nossa filha!

Essas palavras cruéis ainda doem quando as lembro.

Mas tudo isso ficou no passado.

Agora que estou morrendo, nada mais tem peso.

Morrer em casa ou na maca de um laboratório — que diferença faz?

Ninguém se importaria de qualquer forma.

Leon franziu a testa, parecendo prestes a lançar outra ameaça.

Mas eu o encarei com um sorriso calmo e disse:

— Está bem. Eu aceito testar o remédio por Viviane.

Leon ficou paralisado, depois levantou o rosto, surpreso e animado:

— Sério? Isso é maravilhoso! Viviane finalmente vai sobreviver!

Correu até a varanda e ligou para meus pais, eufórico, para contar a “boa notícia”.

Observei suas costas agitadas e soltei um riso amargo.

Meu olhar caiu sobre o acordo de divórcio que estava em cima da mesa.

Peguei o papel, tirei uma caneta da bolsa e, sem hesitar, assinei meu nome.

Quando Leon voltou, viu o contrato em minhas mãos.

— O que está fazendo? — Perguntou, confuso.

Sorri levemente:

— Nada.

Ao perceber meu semblante abatido, ele demonstrou um breve arrependimento.

Guardou o documento às pressas, dizendo:

— Foi só uma brincadeira. Eu não vou me divorciar de você.

Respondi com um leve “eu sei”, mas o rosto sem expressão alguma.

Leon me observou em silêncio por um instante, depois desviou o olhar.

No caminho de volta, começou a se mostrar atencioso quando comprou suplementos, perguntou se eu tinha me alimentado bem e se estava dormindo direito.

Mas eu sabia que toda aquela preocupação era apenas para garantir que eu tivesse um corpo saudável o bastante para ser uma boa cobaia.

Joguei os suplementos no banco de trás e fiquei olhando a luz do sol pela janela.

Tão brilhante... e tão distante.

Logo, eu não a veria mais.

Assim que entrei em casa, ouvi a voz animada dos meus pais.

Minha mãe estava abraçando Viviane, chorando.

— Viviane, você vai ficar bem, não vai mais deixar a mamãe...

Meu pai, com medo de eu mudar de ideia, entregou-me logo um termo de consentimento para teste de medicamento.

Só quando viram minha assinatura, respiraram aliviados e sorriram.

— Clara, você finalmente se tornou sensata, e finalmente pensou na sua irmã e na nossa família.

— Não nos culpe. Levou muito tempo para termos você, por isso, a sua irmã nasceu fraca. Ela precisa mais de nós, comparada a você que é saudável.

— Mas você também não ficará prejudicada. A herança da família será dividida meio a meio entre você e Viviane. Não vai faltar nada para você.

Balancei a cabeça, engolindo a amargura:

— Deixem tudo para a Viviane, eu não preciso de nada.
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