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O sabor da confiança

Na sexta-feira seguinte, Filipe pediu para Esther encontrá-lo depois da aula. Ele estava organizando um evento culinário para um restaurante local e queria que ela ajudasse com a preparação dos pratos. Esther hesitou por um momento. A ideia de passar mais tempo com ele, sem a formalidade da sala de aula, a deixou nervosa. Mas algo dentro dela disse que essa era uma oportunidade única de conhecer um lado mais pessoal de Filipe — e talvez, de si mesma.

Ela chegou ao restaurante pouco antes do horário combinado. A decoração era simples, mas elegante. O cheiro de alho e cebolas assadas pairava no ar, e a equipe de cozinha trabalhava com rapidez. Filipe a recebeu com um sorriso.

— Fico feliz que tenha vindo. Tem um lugar para você na bancada, vamos começar?

Esther assentiu, sorrindo. Mesmo com as instruções de Filipe, ela sentia um nervosismo estranho, como se fosse a primeira vez que realmente se aproximava dele. Ele parecia mais natural aqui, mais confiante. O ambiente, um pouco mais íntimo que a escola, ajudava a criar uma atmosfera diferente.

Durante a preparação, Filipe mostrou-lhe alguns truques para temperar o molho de soja, como utilizar o açúcar mascavo para dar um toque especial aos pratos. Esther o observava com atenção, querendo absorver o máximo possível. Ele parecia feliz ao explicar, e as palavras dele fluíam com a mesma calma que ela via em seus olhos.

— Acho que estou pegando o jeito, hein? — disse ela, rindo enquanto mexia a panela.

— Claro que sim — respondeu Filipe, sorrindo. — Você tem uma boa intuição. Isso é raro.

Ela corou um pouco, tocando os cabelos com nervosismo. Ele sempre dizia coisas que a faziam se sentir especial, e isso estava começando a se tornar difícil de ignorar.

O evento estava marcado para começar no final da tarde. Quando os primeiros convidados começaram a chegar, o clima mudou. A tensão da cozinha se dissipava e a alegria da preparação parecia ter dado lugar à formalidade da recepção. Esther estava ocupada com os pratos, mas seus olhos sempre se desviavam em direção a Filipe, que parecia completamente à vontade com todos. Ele estava sorrindo, conversando com os clientes e com a equipe do restaurante.

Ela percebeu que Mariana estava lá também. Filha de um grande empresário de alimentos, ela parecia se destacar entre os outros convidados. Quando se aproximou de Filipe para fazer um comentário sobre o molho que ele havia preparado, seu sorriso era amplo e natural demais para não ser notado. Eles conversaram com proximidade e risos, e uma sensação de desconforto começou a crescer dentro de Esther.

Ela não podia negar. Era ciúmes. E isso a incomodava. Como poderia estar sentindo isso por alguém que nem sequer sabia o que ela sentia?

Após um momento de silêncio, Filipe se aproximou dela, notando a tensão em seu rosto.

— Tudo bem? — perguntou ele, em voz baixa, só para ela ouvir.

Esther olhou para ele, e antes que conseguisse se conter, a pergunta escapou.

— Por que está tão perto de Mariana?

Ele a observou por um instante, a surpresa refletida em seus olhos, mas logo seu olhar se suavizou.

— Ela é uma amiga, Esther. Não passa disso. Fiquei tão concentrado no evento que nem percebi como estava agindo. Desculpe se te fiz sentir desconfortável.

Esther deu um passo atrás, sentindo o calor subir às suas bochechas. Aquilo soava como uma explicação, mas também não era a resposta que ela esperava. Seu peito apertou.

— Não precisa se desculpar. Eu… eu só não esperava.

Ele a olhou com intensidade, um leve sorriso nos lábios.

— Olha, eu gosto da Mariana, mas você… você é diferente. Não sei o que isso significa ainda, mas não estou mais interessado em ser apenas o professor ou o colega. Queria que soubesse disso.

O coração de Esther disparou. Aquilo era tudo o que ela queria ouvir, mas, ao mesmo tempo, parecia um sonho distante. Como ele poderia estar falando isso agora, depois de toda a confusão interna que ela estava vivendo?

— Eu… também não sei o que isso significa. Mas acho que posso começar a descobrir — disse ela, com uma leve risada, tentando aliviar a tensão.

Filipe sorriu genuinamente. Era a primeira vez que ela o via tão vulnerável, e isso a tocava profundamente.

A noite seguiu com mais risos e comida deliciosa. Quando o evento terminou, eles estavam entre os últimos a deixar o restaurante. O vento fresco da noite acariciava a pele de Esther, e ela sentia uma calmaria começando a tomar conta de si, como se tudo tivesse seu lugar.

Filipe a acompanhou até a porta.

— Você fez um excelente trabalho hoje — disse ele, olhando para ela com admiração.

— Eu aprendi com o melhor — respondeu, sentindo uma onda de gratidão.

Ele hesitou por um momento, antes de dar um passo à frente.

— Eu posso te levar para casa?

Ela pensou por um momento, o impulso de dizer sim vindo de um lugar profundo. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dela queria que aquele momento fosse perfeito, sem pressa.

— Acho que vou caminhar um pouco. Preciso refletir.

Filipe sorriu suavemente.

— Tudo bem. Mas, se mudar de ideia, me avise.

Ela assentiu, agradecendo com os olhos.

Enquanto caminhava para casa, o silêncio da noite parecia acompanhar seus pensamentos. Ele havia sido claro. A relação deles estava indo para um novo lugar. E agora, com o coração mais leve, ela sentia que as palavras que ele dissera estavam gravadas em sua alma. “Você é diferente.” E talvez fosse isso. Talvez ela fosse mesmo. Não só para ele, mas para ela mesma.

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