Receita para o Amor Esther sempre acreditou que a cozinha era seu refúgio, um lugar onde sentimentos ganhavam forma através de sabores e aromas. Quando decide se inscrever em um curso de culinária para realizar o sonho de abrir sua confeitaria, ela não imaginava que o ingrediente principal de sua jornada seria o amor. Filipe, um chef talentoso e reservado, vê sua rotina virar de cabeça para baixo ao conhecer Esther, uma aluna dedicada e encantadora que, sem saber, mexe com suas emoções a cada aula. Determinado a conquistá-la, ele embarca em uma jornada de gestos sutis, pratos preparados com carinho e momentos compartilhados entre panelas e segredos. Mas será que o amor pode ser tão simples quanto seguir uma receita? Entre risos, desafios culinários e corações em ebulição, “Receita para o Amor” é um romance doce e envolvente, no estilo dos doramas coreanos, que mostra que, às vezes, o prato principal da vida é o inesperado.
Leer másO tempo passou mais rápido do que ambos desejavam. Quando Filipe fechou a mala, o coração de Esther apertou de um jeito novo, diferente da ansiedade comum. Era como se estivesse se despedindo de uma parte de si mesma — mas, ao mesmo tempo, sabia que não era um fim. Era um recomeço.O aeroporto parecia mais silencioso do que o normal. Ela segurava a mão dele com força, como se pudesse impedir que ele embarcasse apenas com o toque. Filipe olhava para ela com uma ternura que fazia os olhos dela marejarem a cada segundo.— Você tem certeza? — ele perguntou pela terceira vez. — Podemos tentar depois, posso recusar…— Filipe — ela interrompeu, sorrindo com o olhar brilhando —, não podemos viver nos sabotando. Você precisa ir. Precisa viver esse sonho. E eu estarei aqui, torcendo, vibrando, te amando… de longe, mas de verdade.Ele respirou fundo. Era difícil. Mais do que imaginava. Mas ver Esther tão forte o fazia sentir que estava indo embora com algo a mais: esperança.— Eu te amo, Esther.
Era sábado à noite, e o ar estava quente, como se o verão tivesse resolvido antecipar sua chegada. A cidade parecia respirar mais devagar, embalada pelo silêncio preguiçoso que tomava conta das ruas. Esther passava os dedos pela borda de uma taça de vinho tinto, sentada no sofá do apartamento de Filipe, enquanto ele terminava de preparar um prato coreano simples — bibimbap, seu preferido.Mas não era a comida o que a fazia prender o olhar nele. Era a maneira como ele se movia. Os gestos precisos, o olhar atento, os músculos discretamente definidos sob a camisa dobrada até os cotovelos. Ela nunca imaginou que se apaixonaria por alguém assim — com tanta calma, tanta firmeza e, ao mesmo tempo, tanta entrega.— Está pensando em fugir? — Filipe perguntou, notando seu olhar distante enquanto dispunha dois pratos sobre a pequena mesa de jantar.Ela riu, um riso suave e confuso.— Estou pensando em como tudo mudou tão rápido. Há poucas semanas, você era só o professor do curso. E agora... voc
O curso de culinária estava entrando na reta final, e com ele, uma atmosfera de despedida e expectativas preenchia a sala. Os alunos, mais confiantes e apaixonados pela arte de cozinhar, já falavam sobre planos, novos cursos, food trucks e até restaurantes. Esther, por sua vez, sentia-se estranhamente dividida. Por um lado, estava feliz com o progresso que havia feito. Por outro, o fim do curso parecia o prenúncio de algo que ela ainda não queria encarar: o que seria do relacionamento com Filipe agora?Naquela manhã, Filipe entrou na sala com um sorriso mais contido que o de costume. Havia algo em seu olhar, uma inquietação sutil. Ele cumprimentou os alunos, organizou os materiais e começou a aula com a mesma dedicação de sempre, mas quem o conhecia bem — como Esther agora conhecia — percebia que havia algo fora do lugar.No intervalo, ela se aproximou dele no canto da sala.— Está tudo bem? — perguntou, tocando levemente o braço dele.Ele suspirou e assentiu, mas não de forma convinc
Os dias que se seguiram ao primeiro beijo foram envoltos em uma mistura de felicidade serena e nervosismo silencioso. Esther e Filipe haviam finalmente atravessado a linha entre aluno e professor, e agora, cada encontro, cada toque, cada troca de olhar parecia ter um novo peso — como se o mundo deles estivesse se desenhando com traços mais fortes e definidos.Eles começaram a passar mais tempo juntos fora do curso. Estavam descobrindo a simplicidade das pequenas coisas: cozinhar juntos sem pressa, rir de erros bobos na cozinha, conversar até tarde sobre filmes, sonhos, memórias de infância. Esther sentia que estava descobrindo Filipe de verdade, camada por camada — e quanto mais o conhecia, mais se apaixonava.Mas nem tudo era leveza.Uma tarde, enquanto ajudava na organização de um novo módulo do curso, Esther ouviu duas alunas comentando no corredor.— Você viu como a Esther anda grudada no professor Filipe? — disse uma delas com um sorriso malicioso.— Vi sim. Aposto que está tenta
Os dias seguintes àquela noite no restaurante pareceram fluir com uma leveza inesperada. Esther sentia que algo havia mudado. A distância que antes existia entre ela e Filipe parecia ter desaparecido, como se, de repente, houvesse um entendimento silencioso entre os dois, mesmo sem palavras. Mas, ao mesmo tempo, uma sensação de insegurança ainda pairava no ar. Os sentimentos estavam ali, ao alcance de suas mãos, mas ela não sabia o que fazer com eles. Como ele realmente se sentia? E, mais importante, como ela se sentia?Na quinta-feira, após a aula de culinária, Filipe pediu que ela o acompanhasse em uma pequena tarefa: a entrega de um ingrediente especial para um fornecedor de confiança. Parecia simples, mas Esther sentiu uma pontada de excitação. O fato de ele tê-la escolhido para acompanhá-lo a fez perceber o quanto ele realmente queria estar com ela.— Você parece pensativa — comentou ele enquanto dirigia. A noite estava caindo, e as luzes da cidade passavam por eles em flashes do
Na sexta-feira seguinte, Filipe pediu para Esther encontrá-lo depois da aula. Ele estava organizando um evento culinário para um restaurante local e queria que ela ajudasse com a preparação dos pratos. Esther hesitou por um momento. A ideia de passar mais tempo com ele, sem a formalidade da sala de aula, a deixou nervosa. Mas algo dentro dela disse que essa era uma oportunidade única de conhecer um lado mais pessoal de Filipe — e talvez, de si mesma.Ela chegou ao restaurante pouco antes do horário combinado. A decoração era simples, mas elegante. O cheiro de alho e cebolas assadas pairava no ar, e a equipe de cozinha trabalhava com rapidez. Filipe a recebeu com um sorriso.— Fico feliz que tenha vindo. Tem um lugar para você na bancada, vamos começar?Esther assentiu, sorrindo. Mesmo com as instruções de Filipe, ela sentia um nervosismo estranho, como se fosse a primeira vez que realmente se aproximava dele. Ele parecia mais natural aqui, mais confiante. O ambiente, um pouco mais ínt
A semana seguinte parecia arrastar-se para Esther. Depois do sábado na feira gastronômica, algo havia mudado em seu coração. Não era só encantamento — era a sensação de estar sendo lentamente escolhida, olhada, desejada de forma verdadeira.Ela revivia cada detalhe daquele dia: o olhar dele ao elogiá-la, a maneira como ouviu sua história como se fosse preciosa. E, acima de tudo, as palavras que ecoavam como um segredo partilhado: “Eu vejo você.”Na quarta-feira, a escola de culinária estava mais movimentada que o normal. A nova aula seria sobre pratos tradicionais com fusões modernas — uma das especialidades de Filipe. Esther chegou empolgada, com um brilho nos olhos. Esperava reencontrá-lo, mesmo que sob o ambiente formal da aula.Mas ao entrar na sala, congelou por um segundo.Havia uma mulher nova sentada perto da bancada de instrução. Alta, elegante, de cabelos escuros e um sorriso confiante. Estava conversando com Filipe com intimidade visível, como se partilhassem um mundo ao qu
O sábado chegou como um sopro quente de primavera. O céu estava limpo, com nuvens finas flutuando como algodão. Esther passou a manhã tentando escolher uma roupa. Nada muito chamativo, nada muito casual. Depois de quatro trocas e três xícaras de chá, optou por um vestido floral simples, sandálias baixas e um batom discreto. Olhou-se no espelho uma última vez e disse a si mesma: “É só uma feira gastronômica. Só isso.”Mas seu coração sabia que não era.Filipe já a esperava na entrada do parque, onde a feira havia sido montada com barracas coloridas, estandes com pratos fumegantes, e música instrumental suave ao fundo. Usava uma camisa branca com as mangas dobradas e jeans escuros. Simples. Mas Esther notou como ele parecia diferente sem o uniforme da escola. Mais próximo. Mais… real.— Você veio — disse ele, sorrindo ao vê-la se aproximar.— Claro. Prometi, não foi?— E está… linda.Ela riu, baixando os olhos.— Obrigada. Você também está diferente sem o avental.— Espero que melhor.—
O som ritmado das facas batendo nas tábuas de corte preenchia a sala na aula seguinte. O tema do dia era comida de rua coreana: tteokbokki, hotteok e mandu. Esther chegou cedo, desta vez um pouco mais confiante. Ainda tropeçava nos nomes dos ingredientes, mas havia algo nela que mudara. Talvez o brilho curioso nos olhos. Talvez a lembrança do caminho compartilhado sob o guarda-chuva.Filipe também notou.Ele mantinha a postura de instrutor: objetivo, direto, mas havia uma diferença sutil em como olhava para ela. Como se seus olhos pausassem um pouco mais quando passavam por sua bancada. Como se quisesse decifrá-la.Esther, por sua vez, tentava não criar expectativas. Aquilo era só um curso. Ele era o professor. Ela, uma entre tantos alunos. Mas, por mais que tentasse racionalizar, o coração tinha um ritmo próprio — um que acelerava toda vez que ele se aproximava.— Muito bem — disse Filipe, após demonstrar como rechear os mandus —. Agora é com vocês. Mãos à obra.Esther enrolava a mas