Era sábado à noite, e o ar estava quente, como se o verão tivesse resolvido antecipar sua chegada. A cidade parecia respirar mais devagar, embalada pelo silêncio preguiçoso que tomava conta das ruas. Esther passava os dedos pela borda de uma taça de vinho tinto, sentada no sofá do apartamento de Filipe, enquanto ele terminava de preparar um prato coreano simples — bibimbap, seu preferido.
Mas não era a comida o que a fazia prender o olhar nele. Era a maneira como ele se movia. Os gestos precisos, o olhar atento, os músculos discretamente definidos sob a camisa dobrada até os cotovelos. Ela nunca imaginou que se apaixonaria por alguém assim — com tanta calma, tanta firmeza e, ao mesmo tempo, tanta entrega.
— Está pensando em fugir? — Filipe perguntou, notando seu olhar distante enquanto dispunha dois pratos sobre a pequena mesa de jantar.
Ela riu, um riso suave e confuso.
— Estou pensando em como tudo mudou tão rápido. Há poucas semanas, você era só o professor do curso. E agora... voc