O portão da fazenda se fechou atrás do carro, e Rafaella sentiu como se entrasse novamente em sua prisão dourada. O ar do interior era denso, e a vastidão das terras não diminuía a sensação de clausura. Bruno mal lhe dirigira a palavra durante a viagem de volta. Chegando, entregou-a à governanta com um aceno frio, como se descartasse uma encomenda. Depois, partiu sem dar explicações. Disse apenas:
— Tenho assuntos a resolver em São Paulo. Volto quando puder.
E desapareceu.
Foram dias silenciosos. A ausência dele tornava o ambiente mais leve, mas também inquietante. Rafaella retomou os estudos com a rigidez que lhe era imposta. O motorista a levava e trazia como um guarda silencioso. A cada dia, tentava disfarçar pequenas trocas de olhares com Dália, cochichos com Maria Regina, códigos discretos com Guilherme.
— Ele está diferente, mais distante — sussurrou Maria Regina certa tarde na biblioteca da faculdade.
— Porque está ocupado com o passado — respondeu Rafaella, tentando esconder a