O carro avançava pela rodovia enquanto Rafaella olhava pela janela. O céu nublado refletia seu humor. Bruno dirigia em silêncio, os olhos fixos na estrada. Desde a última discussão, os momentos entre eles oscilavam entre o distanciamento e um desejo contido, sufocado por tudo que os separava.
Ela só soube da viagem na noite anterior. Disse-lhe que iriam a Campinas para uma “consulta médica de rotina”. Quando ela questionou o motivo, a resposta veio seca:
— Prevenção. A última coisa que precisamos agora é de um filho.
A frase a atingiu como uma bofetada. Não era apenas uma negação da maternidade — era um lembrete cruel de que ela não tinha escolha.
Na clínica, o silêncio foi absoluto. Médicos particulares, exames, conversas baixas entre Bruno e os profissionais. Rafaella apenas obedecia. A cada toque frio, cada procedimento, sentia-se menos dona de si.
Horas depois, chegaram à mansão dos Santos em Campinas.
Era uma construção imponente, cheia de memórias antigas, com uma imponência que