O cheiro doce de baunilha misturado com frutas invadiu o ar assim que o sorvete chegou. Sentados em uma mesa sob a sombra de uma árvore, Rhaek ajudava o menino a equilibrar três bolas coloridas num copo que parecia pequeno demais para tanto entusiasmo infantil.
Narelle observava. À primeira vista, pareciam uma cena comum de pai, mãe e filho. Quase banal. Quase.
Mas nada na vida dela foi simples assim.
Ela segurou o próprio copo, mexendo lentamente a colher, mais atenta ao que não estava sendo dito do que às conversas soltas entre dinossauros, planícies jurássicas e qual sabor de sorvete parecia mais pré-histórico.
O olhar de Rhaek estava inteiro no menino. Cada gesto, cada risada, cada migalha de casquinha que escorria pelo queixo do garoto era acolhido por ele com uma paciência que ela não lembrava de já ter visto.
Será que ele sempre foi assim... e eu nunca percebi? — pensou, desviando o olhar por um instante.
Ou será que as circunstâncias mudaram tanto... que até ele precisou muda