A sala estava escura, iluminada apenas pela luz azulada do holograma que se repetia em looping. Frame por frame. Palavra por palavra. A verdade era um veneno que escorria pelos olhos de Kael.
Ele estava sentado. Camisa desabotoada. A gravata esquecida no chão. O rosto apoiado nas mãos.
Não havia mais ninguém ali. Nem guarda, nem lobo de confiança. Nem Lysa.
Ela tentara argumentar. Tentara convencê-lo de que “nada mudou”. Que ele continuava sendo Kael Vorn. Que tudo aquilo era apenas um nome.
Mas o que ela não entendeu — ou fingiu não entender — é que, para um lobo como ele, o nome era tudo.
Seu mundo inteiro foi construído sobre a mentira que chamavam de herança.
E agora...
Nada era dele.
Ele se levantou com dificuldade, como se a gravidade tivesse aumentado. Caminhou até o bar, serviu um uísque antigo. Bebeu de um gole só. Depois outro. E outro.
Na parede, a marca dos Vorn. Um brasão que sempre representou força, honra, dominação.
Kael encarou o símbolo por longos segundos. E então,