Narelle não disse a ninguém que ficaria no prédio depois do expediente.
Disse a si mesma que precisava adiantar relatórios e revisar contratos, mas a verdade era mais crua: queria ver com os próprios olhos se Rhaek ainda era o lobo feroz que incendiava as noites de qualquer fêmea que ousasse provocá-lo.
A tarde caiu devagar, arrastando um silêncio quase cerimonial pelos corredores. Quando as luzes começaram a apagar uma a uma, Narelle se encolheu dentro da sala de planejamento estratégico. Dali, pela divisória de vidro fumê, tinha visão parcial do salão principal, onde Rhaek sempre encerrava o dia em conversas privadas com seus homens.
As horas se arrastaram. Primeiro, chegaram dois dos diretores de operações, trazendo pastas volumosas. Depois, vieram mais três figuras que ela reconheceu: conselheiros antigos, todos com o brasão Vorn costurado por dentro do paletó. Eles conversaram baixo, a ponto de parecerem sombras discutindo um destino que não incluía a presença dela.
Mas Rhaek...