A alvorada ainda não tinha tingido o céu, mas o clã nunca dormia por completo. Na ala dos julgamentos silenciosos, três dos cinco anciãos já estavam reunidos em círculo, o chão frio de pedra coberto por símbolos antigos, desenhados com sal negro e resina de âmbar. O cheiro era acre. Cerimônias como aquela não eram feitas há décadas — não desde a última ruptura.
No centro, a mesa de roble estava vazia, aguardando Rhaek. Ele não atrasava. Mas, naquela madrugada, hesitava.
No andar superior de sua casa, ele encarava o próprio reflexo. Tinha as mãos apoiadas na pia, o rosto molhado, as veias salientes no pescoço. A criança era dele. Isso era um fato. E o clã exigia que a linhagem fosse selada com a marca de Alfa.
O problema era Narelle.
Ela não apenas desafiava a tradição, como também tecia alianças silenciosas com rostos que antes a ignoravam. Sua presença em eventos sociais, sua imagem calculadamente pública, e o filho — aquele menino de olhos dourados — tornavam tudo mais perigoso. Ele