A sala era ampla, mas abafada pela presença dos cinco anciões e seus silêncios. Não se ouviam talheres, apenas o tilintar ocasional do cristal — um jantar privado para poucos, mas decisivo. Kael estava ali como beta de Rhaek, mas sabia que, naquele instante, era também réu não declarado.
Rhaek o observava por cima da taça.
“Você se manteve calado durante a votação da aliança com os do sul. Não é do seu feitio”, comentou um dos anciões.
“Talvez eu esteja aprendendo a falar menos e pesar mais”, disse Kael, servindo-se de carne mal passada, sem pressa.
Rhaek sorriu, breve. O jogo era antigo entre eles, mas agora os riscos tinham outro sabor: o de Narelle.
O assunto verdadeiro, é claro, não era política externa. Era o que ele dissera publicamente na última reunião, tomando o lado da loba renegada, protegendo-a sob a alegação de que o filho envolvia o clã, a linhagem, e o futuro.
“Ela não entregaria a criança tão facilmente”, disse Kael, dessa vez para todos. “Se pressionada, desaparece. C