O tempo passou como neve acumulando sobre um campo esquecido — lento, silencioso, quase invisível até se tornar um peso.
Os dias no bunker se alongavam, sem sinais de ataque. As patrulhas voltavam sempre com as mesmas palavras: "nada" Nenhuma movimentação, nenhum rastro. Até mesmo a neblina parecia mais preguiçosa, enrolando-se nos pinheiros sem pressa de se dissipar.
Era isso que começava a corroer Kael: o silêncio.
Luxor não atacava. Não rondava. Não fazia barulho. Era como se tivesse desistido.
— Talvez ele tenha recuado — disse um dos jovens lobos numa manhã, enquanto verificava as câmeras.
Kael não respondeu.
Harek, o nórdico de barba trançada, ergueu o olhar na direção dele.
— Recuar? Lobos como ele não recuam. Só esperam o momento em que a presa relaxa.
Kael manteve-se impassível, mas sentiu a fisgada no estômago. Ele conhecia Luxor o suficiente para saber que aquele silêncio não era rendição — era cálculo.
O que tornava tudo mais difícil era a ausência de Lysa.
Ela tinha sido