A sala de reuniões no 38º andar tinha paredes de vidro e vista para a cidade, mas a tensão tornava o ar espesso, quase palpável. O reflexo noturno nos painéis espelhados fazia os presentes parecerem predadores reunidos em uma toca envidraçada.
Rhaek estava de pé à cabeceira da mesa, as mãos abertas sobre o tampo de madeira escura, o corpo inclinado para frente como se, sozinho, sustentasse o peso da decisão. Ao seu lado, Narelle passava lentamente páginas de um relatório encadernado, cada folha virada com a calma cruel de quem já sabia o veredito antes mesmo de o julgamento começar.
“Kael está enfraquecido”, disse Rhaek, a voz grave cortando o silêncio. “Isolado no bunker, com suprimentos escassos. E nós fizemos questão de garantir que o mundo lá fora não o ajude.”
Do outro lado da mesa, empresários lupinos ligados a transporte, segurança privada e fornecimento assentiram em uníssono. Um deles empurrou para o centro um contrato assinado — o cancelamento da última rota de abastecimento