Sombras no Silêncio
A chuva tamborilava levemente sobre o telhado da casa, criando um ritmo quase hipnótico naquela manhã de domingo. A casa de Caleb estava silenciosa, exceto pelo som dos pingos e o farfalhar das árvores do jardim, cujas folhas, pesadas pela água, dançavam com o vento.
Lucas estava na sala, sentado no tapete, com os cadernos de desenho espalhados ao redor. As mãozinhas sujas de giz de cera, o olhar distante. Caleb o observava do batente da porta, com uma caneca de café quente entre os dedos. A imagem do filho naquele instante era como uma pintura delicada, mas atravessada por uma tristeza muda.
Desde a morte de Sofi, Caleb aprendeu a decifrar os silêncios do filho. E havia algo diferente hoje.
Um peso no ar.
Um sinal.
— Lucas? Chamou, com suavidade.
O menino levantou os olhos devagar.
— Papai a mamãe está no céu mesmo?
A pergunta, simples e devastadora, atingiu Caleb como um trovão.
Ele se ajoelhou ao lado do filho.
— Sim, filho. A mamãe está n