REFLORECER RENASCIDA DA DOR
REFLORECER RENASCIDA DA DOR
Por: Felicia Rocha
CAPÍTULO 1 ACIDENTE

 Acidente

A noite estava pesada, carregada. Uma tempestade caía sobre a cidade.

Raios riscavam o céu, iluminando por breves segundos a estrada sinuosa.

O vento uivava entre as árvores, fazendo-as balançar de forma ameaçadora.

O cheiro de chuva e terra molhada impregnava o ar, misturando-se ao aroma ácido do álcool derramado dentro do carro. 

Taylor segurava o volante com uma das mãos, a outra apertava com força o pulso de Ava. Seus dedos cravavam na pele dela, deixando marcas vermelhas que ardiam.

O medo pairava como um peso no peito dela.

— Eu já disse para não me desafiar, Ava! Sua voz soava como um rugido de fúria, um trovão ameaçador no meio da tempestade. Os olhos embriagados brilhavam sob a penumbra do painel.

Ava tentou soltar-se, mas o aperto aumentou. Seu corpo tremia. A boca estava seca, a respiração entrecortada pelo medo que a consumia. 

Já conhecia esse olhar. O olhar de quem iria machucar.

— Taylor, por favor...Sua voz era um sussurro. 

Sabia que qualquer palavra errada poderia ser uma nova faísca na explosão que se armava.

Sem aviso, o punho dele se fechou e atravessou o ar, encontrando o rosto dela com força. O gosto ferroso de sangue preencheu sua boca.

 Ava virou o rosto, engolindo o grito. O estômago se revirava em nojo e medo.

 As luzes da estrada piscavam rápido através dos olhos lacrimejantes. A dor latejava.

O carro balançou na pista. Taylor ria, descontrolado. As palavras saíam emboladas pelo álcool.

— Se você pensa que pode me deixar, está enganada! Eu sou tudo o que você tem!

O motor rugiu quando ele pisou ainda mais fundo no acelerador. A velocidade aumentava. A chuva batia forte no para-brisa, os limpadores mal davam conta.

A noite estava densa, sufocante, como se a tempestade que se armava refletisse toda a tensão dentro do carro. 

Nuvens carregadas encobriam a lua, e relâmpagos cortavam o céu com fúria.

 A estrada sinuosa parecia se perder no meio da escuridão, iluminada apenas pelos faróis que tremulavam a cada solavanco do carro.

 A chuva castigava o asfalto, formando poças traiçoeiras que faziam os pneus patinarem.

Seu coração batia acelerado, quase ensurdecedor. O medo era um gosto amargo na boca já ferida pelo soco.

— Eu já disse que não admito ser desafiado, Ava! Taylor rosnou, a voz arrastada pela embriaguez. Seu olhar, antes apenas ameaçador, agora transbordava ódio.

Ava tentou puxar a mão, mas o aperto só aumentou. Seus olhos percorreram o painel digital do carro, buscando uma esperança. 

A velocidade marcava 140 km/h e subindo. A chuva, antes um obstáculo, agora parecia o menor dos problemas.

— Taylor, por favor... você não está bem. Vamos parar o carro, podemos conversar.

 Sua voz saiu trêmula, mas ela sabia que palavras eram como gasolina em sua fúria.

Ele riu. Uma risada seca, sombria, que fez um calafrio percorrer a espinha dela.

— Conversar? Ele girou abruptamente o volante para a direita, fazendo o carro derrapar na pista molhada. Ava se segurou como pôde, sentindo o cinto de segurança apertar seu peito. 

— A única coisa que você vai fazer é me escutar. Eu sou seu marido, sou seu mundo! Seus olhos estavam fixos nela agora, e não na estrada.

O impacto veio sem aviso.

Ava sentiu o murro antes de perceber o movimento. O punho dele atingiu seu rosto com força, fazendo-a ver flashes brancos.

 A cabeça dela bateu contra a janela. Um zumbido preencheu seus ouvidos. O gosto ferroso do sangue se espalhou novamente por sua boca.

O carro balançou. Taylor ria, satisfeito, enquanto tornava a acelerar. Os faróis iluminaram uma curva fechada. Mas ele não freou.

— Você é minha, Ava! Se não pode ser minha, então não será de mais ninguém!

O carro deslizou sem controle. As rodas perderam a aderência.

O mundo pareceu girar em câmera lenta. As rodas perderam o contato com o asfalto. O carro deslizou, cruzou a pista e despencou ribanceira abaixo.

A primeira capotagem foi violenta!

O mundo girou! 

O primeiro impacto foi brutal, como um soco do destino! 

O veículo capotou uma, duas, três vezes. Ava foi jogada contra o cinto. O vidro explodiu em estilhaços que cortaram a pele de Ava como pequenas navalhas. O barulho de metal retorcendo era ensurdecedor. 

O carro rolou mais uma vez, a estrutura de metal se retorcendo, esmagando-se. 

Um impacto final!

Um estalo seco ecoou quando Taylor foi arremessado contra o painel.

Tudo doía em Ava. Seu corpo estava preso entre os destroços, e o cheiro de gasolina misturado ao de sangue enchia suas narinas.

A consciência vacilava, mas antes que tudo escurecesse, ela viu o corpo de Taylor caído, inerte. Seus olhos vazios encaram o nada.

E então veio o silêncio absoluto.

Lá fora, a tempestade continuava a rugir, indiferente à tragédia que acabara de engolir a estrada.

Minutos se passaram. Talvez horas. O tempo havia perdido o sentido.

O barulho distante de sirenes quebrou o vácuo. Os primeiros bombeiros chegaram correndo, lanternas cortando a escuridão.

A sirene da ambulância cortava a madrugada. Equipes de resgate se moviam rápido entre a lama e os destroços do carro. 

— Temos um óbito masculino! E uma vítima inconsciente! Gritou um deles ao se aproximar dos destroços.

Os bombeiros puxaram Taylor primeiro. Ele estava morto. O corpo inerte, o rosto desfigurado pelo impacto. Mas ninguém parou. Havia outra vida a ser salva.

— Temos uma vítima presa! Gritou um dos paramédicos.

Ava foi encontrada ainda presa no banco, seu corpo retorcido em um ângulo estranho. 

O sangue escorria de um corte profundo na testa, tingindo seus cabelos de vermelho escuro. O batimento dela era fraco, mas estava lá.

As ferragens haviam se fechado sobre ela. Seu corpo estava retorcido no banco do passageiro. 

Havia sangue em seu rosto, na roupa, nas mãos que estavam inertes sobre o colo. Os olhos entreabertos não viam nada.

— Ela ainda respira! Anunciou outro socorrista.

As máquinas rugiram quando os bombeiros serraram o metal retorcido. 

Cada segundo era crucial. Com extrema cautela, eles retiraram Ava dos destroços e a deitaram na maca. O batimento dela estava fraco, quase inexistente.

— Ela ainda está viva! Precisamos tirá-la agora! A voz do paramédico era urgente.

 Quando finalmente a retiraram, um dos paramédicos segurou seu pulso, sentindo a vida pulsar de forma tímida sob sua pele fria.

A chuva castigava seus rostos enquanto a colocavam na maca, cobrindo-a com um lençol térmico.

— Vamos perdê-la! A voz ansiosa

de um dos paramédicos ecoou na noite.

Mas dentro daquele corpo frágil, um coração ainda lutava para continuar batendo!

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