Passei longos instantes em silêncio, com a cabeça baixa, sem encontrar palavras que explicassem tudo que se passava dentro de mim.
Às vezes, nem eu mesma entendia como pude chegar àquele ponto. Eu nunca me considerei arrogante, e a Clara sempre dizia que meu coração era doce demais para alguém criada como filha de uma família tradicional.
Eu buscava ser tranquila, evitava discussões, nunca liguei para status. Só que quando se tratava de George, parecia que todas as minhas barreiras se erguiam ao máximo. Diante dele, toda a minha insegurança virava orgulho e ironia. Não sabia como explicar ou de onde tanta resistência nascia.
No fundo, o que restava agora era o arrependimento. Olhando para trás, via claro o erro do passado. Só que sofrer ou pedir desculpa não mudava nada.
Apertei a mão machucada, sentindo a pele arder, tentando não esquecer que cada palavra também tinha deixado cicatrizes nele e em mim.
Encolhida no canto, com a voz finalmente retomando alguma firmeza, ergui a cabeça