Eu mal tinha começado a falar quando, do outro lado da linha, alguém chamou por meu irmão.
— Val, depois a gente se fala, tá? Preciso resolver algo agora... — Ele disse às pressas.
Logo em seguida, a ligação foi cortada. Minha pergunta, se ele poderia me buscar, ficou sufocada, presa na garganta como uma pedra.
Abracei meus próprios braços enquanto sentia o peso da noite se aproximar de mim. Era a primeira vez que experimentava, de verdade, aquela sensação solitária de não ter para onde ir, de ser, no fundo, uma estranha na própria cidade.
Me sentei nos degraus em frente ao prédio, abraçando os joelhos perdida em pensamentos, sem nenhuma ideia de qual seria o meu próximo passo.
Procurar a Clara não era opção, pois ela tinha me avisado que viajaria para o interior para ver a mãe e só voltaria dali a uns dias.
A madrugada estava fria e o vento parecia cortar até meus ossos, gelando um coração já exausto e entristecido.
Meu irmão, com certeza, continuava correndo atrás dos sete milhões