Damon
O campo de treinamento dorme diferente quando a noite toma conta. As tochas queimam mais baixo, o vento corre livre entre as estacas, e a pedra parece guardar segredos de quem caiu e levantou durante o dia.
Eu caminho sem pressa, mãos nas laterais do manto, escutando o som dos meus passos e o som dela. Selene sempre chega antes quando decide que vai chegar.
Ela está de costas para mim, no centro da areia batida. O cabelo preso alto, a capa curta, o corte do braço já cicatrizando. Tira as luvas, flexiona os dedos, respira fundo. Não precisa me ver para saber que é comigo.
— Eu sabia que viria. — ela diz, sem se virar.
— E eu sabia que você me esperaria. — respondo, aproximando.
Ela se volta. O olhar dela me fere do jeito certo, firme, claro, sem desculpa. O campo cheira a couro, metal e areia fria. Um bom cheiro para começar briga que não é só briga.
— O que você quer, Damon? — pergunta, direta.
— O que sempre quis. — respondo — Ver você inteira… e ver se ainda consigo te vencer