Selene
O pátio da fortaleza cheirava a couro, ferro e pão recém-saído do forno. As crianças corriam entre as carroças enquanto os adultos ajustavam cintos, testavam fivelas e revisavam flechas.
Parei no centro, com a capa presa nos ombros, a espada na cintura e a lança leve nas costas. Ao meu redor, estavam os meus, sobreviventes do Vale, agora misturados aos soldados dos gêmeos. Duas alcateias, um objetivo.
— Formação em V. — ordenei, apontando o chão com a ponta da bota — Batedores do lado de fora, sentinelas no miolo. Silêncio absoluto quando cruzarmos a ponte do leste.
Alguns rostos ainda me olhavam com desconfiança. Eu sentia. Era normal. Para muitos, eu era a filha de um rei morto, a causa de um massacre antigo. Para outros, a fêmea marcada por dois Alfas. Para mim, naquele momento, eu era só a chefe daquela tropa. E ia provar.
Kiera, a menina das tranças que um dia me deu um amuleto de lua partida, apareceu entre duas rodas de carroça e me ofereceu um pedaço de pão.
— Pra dar