Damian
A sala do conselho cheirava a pano úmido e vinho. Mapas estendidos tremulavam levemente com a respiração dos presentes, cada chama parecia menor quando a notícia chegou.
Reuni o conselho com rapidez, não dava para perder tempo com formalidades quando o inimigo já sabia onde batíamos o peito.
Levei o prisioneiro ao centro. Amarrado, os olhos marcados pelo medo que tenta disfarçar informação, ele tremia quando me pus à frente.
Os anciãos se curvaram em gestos automáticos, mas havia pânico nas faces de alguns, o medo se espalha rápido quando alguém diz “Kaleb”.
— O que sabemos… — comecei, direto — é que Kaleb já sabe, ele sabe que Selene está viva e que está aqui. Não é boato… — mostrei o papel com as anotações de Dagan — foi o próprio batedor que falou.
Ouvi perguntas, algumas longas demais, mas cortei a fala. Não havia espaço para devaneios.
— Enquanto eu tiver voz aqui… — disse, olhando cada rosto — Selene não será isca. Ela não será troféu. Enquanto eu falar, ela será arma.