Flávia
Certo, eu estava com ciúmes. Muito ciúmes, na verdade.
Não tinha outra pessoa para levá-la em casa? Por que justamente ele? A pergunta martelava na minha mente, mesmo quando eu tentava sorrir para Alessandro e prestar atenção no que ele dizia.
— E aí, amigão, vamos montar esse trem? — ele disse, animado, puxando Caio para perto.
Sentei com eles no chão, mas minha cabeça não estava ali. Cada peça encaixada parecia levar mais tempo do que deveria, e eu olhava para o relógio como se isso fosse acelerar o retorno de Ricardo. Ansiedade, ciúmes, insegurança... tudo junto, um nó que eu não conseguia desfazer.
Alessandro era simpático. Me mostrou projetos dele de arquitetura, contou histórias de viagens, falou da infância ao lado de Ricardo e, por alguns minutos, eu ri de verdade. Era bom me distrair, mas ao mesmo tempo me senti culpada por estar ali rindo enquanto pensava no que ele podia estar fazendo. Era irracional, eu sabia, como se eu precisasse me preparar para uma decepção que