Flávia
Eu olhava pela janela e via aquela chuva forte, pesada, que parecia não ter hora para parar. As gotas batiam no vidro com força, o som constante misturado aos trovões que, de tempos em tempos, estremeciam o ar. O dia inteiro estava assim — cinza, silencioso e arrastado.
Caio, alheio a tudo, brincava na sala, cercado por seus carrinhos e blocos de montar. Eu o observava e pensava em como devia ser bom ser criança — viver em um mundo onde a única preocupação era construir pontes imaginárias e correr pela casa sem notar o peso das horas.
Mas eu notava. E cada minuto parecia demorar uma eternidade.
Olhei novamente para o relógio. Ricardo já devia ter chegado há muito tempo. Mandei mensagem mais cedo, apenas para saber se estava tudo bem. “Está chovendo muito, amor, dirige com cuidado.” Ele visualizou, mas não respondeu. Depois mandei outra, mais curta, só um “já está vindo?”, e dessa vez, nem visualizou.
Tentei não me deixar levar pelos pensamentos, mas era impossível. A chuva, o a