Capítulo 34

Clara pintava devagar.

Era fim de tarde em Beacon, e o sol se dissolvia nas copas das árvores do outro lado da janela.

No ateliê improvisado, a tela diante dela exalava cor e silêncio. Nenhuma figura nítida. Só camadas.

Como camadas dela mesma.

O verde que usava era mais escuro do que o habitual.

Quase um musgo profundo, com pequenas interrupções em dourado.

Como se seu inconsciente pintasse raízes, tempo, memória enterrada — mas ainda viva.

Sol passou pela porta do cômodo, mas não entrou. Ficou só olhando.

Clara estava descalça, os cabelos presos num coque bagunçado e um borrão azul no queixo.

Havia uma calma nova ali.

— Tô fazendo chá — disse Sol, já indo embora. — De hibisco com maçã.

Clara assentiu, sem virar. A última vez que havia sentido aquele cheiro foi…

Ela não sabia.

Mas algo nela soube.

Na hora do chá, sentaram na varanda, cada uma com sua caneca fumegante entre as mãos.

O céu já mudava de tom, escorregando do azul frio para um laranja queimado, meio nostálgico.

— E se eu
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