O dia amanheceu lento.
Na casa de Beacon, os sons da manhã vinham filtrados pelos passos de Sol e André no andar de baixo, pela chaleira apitando na cozinha, pelo cachorro do vizinho latindo só de vez em quando. Hoje, sem eles ali no amanhecer, a casa estava silenciosa.
Clara demorou a acordar de verdade, mesmo já sentada na varanda.
Tinha sonhado — mas não sabia com o quê. Sentia apenas um resquício de abraço, o peso doce de um nome que quase vinha. Algo como… vento que sussurra e desaparece.
Subiu ao andar de cima e depois do banho, vestiu um suéter leve e prendeu os cabelos de um jeito que não fazia há meses. Sem saber o porquê, escolheu uma argola dourada pequena, e passou um batom discreto. Não se sentia outra. Só… mais próxima de si.
Quando chegou ao ateliê improvisado no escritório, encontrou uma tela nova, como prometido. Pincéis limpos. Paleta à espera.
Mas seus olhos pararam em outro objeto.
O envelope.
Aquele que Elias entregara no hospital, selado com cuidado.
Ela não tive