O quarto de Clara na ala de recuperação neurológica era branco demais.
As paredes, o lençol, o jaleco dos enfermeiros — tudo tinha aquele tom asséptico que parecia tentar apagar qualquer vestígio de caos. Mas ele ainda estava ali.
Nos olhos de Sol, vermelhos.
Nos gestos de Reggie, que andava de um lado ao outro com a prancheta, sem disfarçar o cuidado.
No silêncio de Noah, que observava da porta com as mãos nos bolsos da calça, sem se permitir entrar.
Clara ainda dormia.
Mas respirava sozinha.
Os monitores não apitavam.
E aquilo já era uma vitória.
Sol ajeitou os cabelos da irmã na fronha.
— Ela nunca gostou de hospital — disse, tentando sorrir.
— Ninguém gosta — respondeu Reggie, do outro lado, com a voz suave de quem sabia exatamente onde doía.
— Clara menos ainda. Tinha alergia até de entrar aqui…
O silêncio voltou a ocupar o quarto.
E Noah continuou parado, imóvel, como se o ar ao redor dele fosse outro. Não sabendo lidar com tudo que estava se passando.
Sol percebeu.
— Noah, entr