Noah chegou ao hospital com duas xícaras de café e uma flor amarela presa por um elástico de papel.
Era cedo — o dia ainda nem tinha se decidido entre sol e neblina —, mas o corredor da ala neurológica já parecia acordado demais.
Ele encontrou Sol sentada na cadeira ao lado da cama, com olheiras honestas e um livro aberto no colo que ela não lia de verdade.
— Oi — ele disse, entregando uma das xícaras.
— Café de verdade? — ela arqueou a sobrancelha.
— Da cafeteria da esquina. Merecemos.
— Finalmente alguém que entende o drama.
Tomaram o primeiro gole em silêncio.
Noah olhou para Clara. Ela continuava dormindo, mas os sinais estavam ali: a respiração mais ritmada, a leve contração nos dedos, o sutil movimento das pálpebras como quem sonha.
— Ela mexeu os dedos de novo hoje cedo — contou Sol.
— Ótimo.
— E eu juro que ela tentou franzir a testa quando eu falei do hospital.
— Clara sendo Clara.
Ele sorriu. O tipo de sorriso que não tinha som, mas guardava histórias.
— Você acha que ela tá